As noites eram frias e nada de passava de interessante na TV. Reinava um silêncio naquele serão que fez fervilhar a imaginação de Mariana.
-Avô, vou fazer uma peça de teatro!
Já habituados às iniciativas da pequena, os avôs aguardaram com ansiedade e carinho toda a preparação. Mariana subiu ao quarto da mãe e começou à procura de roupas e calçados seus já não usados.
O tempo corria e o sono ameçava os olhos cansados dos idosos mas o carinho pela neta deram-lhe ânimo para aguardar.
Começou-se a ouvir um "clok, clok", pelas escadas de madeira e um "Knock Knock", na porta de entrada.
Já sabiam quem era porque a porta tinha vidro e via-se do outro lado um pequeno reflexo vermelho.
-Quem é?- perguntou a avó.
É o capuchinho vermelho que se perdeu no mato, não encontrou a casa da avó.
Seu avô levantou-se e abriu a porta. Mariana, vestia um vestido vermelho que arrastava pelo chão e uns sapatos muito maiores que os seus pezinhos. Na mão trazia uma mala velha da mãe.
-Olá capuchinho, aonde mora a tua avó, como se chama?- entrou no jogo o avô.
-Chama-se Conceição, vende pão e ia visita-la, quando me perdi.
A avó levantou-se do sofá com alguma dificuldade e chamou-a para a janela.
-Olha lá fora, vês as chaminés? Aquela que deita mais fumo é a da tua avó porque se ela faz pão, a esta hora está a trabalhar.
-Muito obrigado meus senhores!
Voltou as costas e fez de conta que saiu. Passado uns momentos regressou à sala e já era hora de ir dormir.
Não interessava se a história estava bem contada, se a vestimenta estava a rigor, apenas foi importante o carinho da neta ao preparar-se e o dos avôs ao fingir. A Tv, naquela noite deixou de ser o elemento central daquela família.
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Beijinhos