Um sapo apanhava sol no meio dos campos. Escondido na vegetação. As suas costas aqueciam e os seus olhos quase que fechavam de sono.
Uma mosca, já cansada de voar e trabalhar, resolveu descansar mesmo em cima das suas costas. Ao acordar, o sapo perguntou:
- Quem é?
A mosca, assustada mas matreira, resolveu mentir:
- Sou a tua consciência!
O sapo pensou que estava a sonhar e voltou a fechar os olhos. A mosca não contente com a resposta, mesmo correndo risco de vida, resolveu insistir:
- Sapo, feio e gordo, vais parar ao Inferno, não ouves a tua consciência?
Ficando, já assustado, abriu os olhos mas não viu ninguém. Respondeu, meio trémulo e estremunhado:
- O que queres? Que fiz de mal?
- Não te sentes culpado por estar aqui sem fazer nada? Não deverias estar a trabalhar?
- O meu irmão gosta muito de caçar comida e leva todos os dias lá para casa a mais. Nunca precisei de fazer nada.
A mosca aproveitou a preguiça do sapo e resolveu perguntar:
- E não te sentes culpado? Não te sentes inútil?
O sapo franziu o sombrolho e disse:
- Porque haveria de me sentir culpado? O meu irmão vive feliz a trabalhar de sol a sol e eu vivo feliz a dormitar. Ambos estamos felizes.
A mosca, suspirou e pensou para si: de facto, nem todos tem o mesmo sentido de utilidade e responsabilidade e para que uns sejam felizes a trabalhar existem muitos ao seu lado a sorrir descansados. Abriu as asas e partiu.
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