Avançar para o conteúdo principal

O descanso feliz

Imagem: net


Um sapo apanhava sol no meio dos campos. Escondido na vegetação. As suas costas aqueciam e os seus olhos quase que fechavam de sono.

Uma mosca, já cansada de voar e trabalhar, resolveu descansar mesmo em cima das suas costas. Ao acordar, o sapo perguntou:

- Quem é?

A mosca, assustada mas matreira, resolveu mentir:

- Sou a tua consciência!

O sapo pensou que estava a sonhar e voltou a fechar os olhos. A mosca não contente com a resposta, mesmo correndo risco de vida, resolveu insistir:

- Sapo, feio e gordo, vais parar ao Inferno, não ouves a tua consciência?

Ficando, já assustado, abriu os olhos mas não viu ninguém. Respondeu, meio trémulo e estremunhado:

- O que queres? Que fiz de mal?

- Não te sentes culpado por estar aqui sem fazer nada? Não deverias estar a trabalhar?

- O meu irmão gosta muito de caçar comida e leva todos os dias lá para casa a mais. Nunca precisei de fazer nada.

A mosca aproveitou a preguiça do sapo e resolveu perguntar:

- E não te sentes culpado? Não te sentes inútil?

O sapo franziu o sombrolho e disse:

- Porque haveria de me sentir culpado? O meu irmão vive feliz a trabalhar de sol a sol e eu vivo feliz a dormitar. Ambos estamos felizes.

A mosca, suspirou e pensou para si: de facto, nem todos tem o mesmo sentido de utilidade e responsabilidade e para que uns sejam felizes a trabalhar existem muitos ao seu lado a sorrir descansados. Abriu as asas e partiu.

Comentários

Joana disse…
há muitos sapos desses neste país!
Unknown disse…
Concordo com a JU...Adorei ;)
. disse…
Uma estória com um fundo de verdade tão, mas tão grande. :)

Mensagens populares deste blogue

Felicidade

A Felicidade não se conquista, aprende-se!

Impossível amor eterno

O mundo tinha acabado de ser criado e apenas havia uma aldeia no topo das montanhas. Existiam três famílias, uma dedicava-se à pesca, outra à caça e outra à recolha de frutos. Todos realizavam as suas tarefas para o bem da comunidade e trocavam o resultado das suas actividades entre si. Os colectores eram amados por todos mas os pescadores e os caçadores odiavam-se entre si. Segundo eles, uma pessoa podia viver só comendo peixe ou só carne pelo que, não fazia sentido existirem as duas profissões. Um dia, Sol, filho dos caçadores apaixonou-se pela filha dos pescadores, Lua. Esta relação durou pouco tempo até que fosse descoberta e repudiada pelas famílias. Nos meios pequenos não existem segredos. O ódio foi tanto que decidiram afasta-los para sempre. O Sol passou a viver durante metade do dia e a Lua a outra metade, ficando o resto do tempo fechados numa gruta profunda das montanhas. Assim, os caçadores passaram apenas a procurar animais durante o período que o seu filho era liberto, a ...

Aos que me acompanham

Ouço todo o mundo dizer que “ o mundo dá muitas voltas”, que “ o que hoje tens como certo, amanhã pode não o ser”. Questiono-me agora acerca das pessoas que estão sempre ao teu lado, incondicionalmente. Os nossos pais, por exemplo, discutimos, brigamos, queremos muitas vezes que eles nos deixem viver a nossa vida. Contudo quando, mais uma vez “batemos com a cabeça” regressamos e eles tem sempre os braços abertos para nos receber. Os verdadeiros amigos também estão neste grupo. Aqueles que já nos viram fazer figuras ridiculas e nem sequer ligaram ao assunto. Continuam ao nosso lado. Estão dispostos a ouvirem-nos ás 3h da manhã porque, mais uma vez, a vida nos pregou uma partida. É claro, que, um dia, não por vontade própria, podem-nos deixar mas, nessa altura já tem um lugar tão grande no nosso coração que os torna Eternos .