
Afonso, passou aquelas férias, com os a avós, a fazer bolas de sabão, coloridas, ficava horas a soprar e a vê-las rebentar no ar.
Passou a ser o seu brinquedo eleito. Gostava de soprar pela aquela argolinha que o avô lhe deu. Tinha sido o brinquedo preferido de seu pai. Aquelas máquinas novas que faziam imensas bolas não o interessavam. Gostava de fazer uma a uma e cada vez maiores. Olhar através delas e ver as formas das coisas distorcidas. O mundo das suas bolas tinha cor, como se tivesse o poder de pintar as coisas com seus pinceis da escola.
Jack, o seu cão, era o seu grande companheiro. Saltitava tentando rebentar cada bola com o seu focinho. Nem sempre conseguia, por vezes acabava por lhe cair numa orelha ou no dorso. Cada salto era acompanhado por um latido. Era como se um "Viva!!" se tratasse, à grandeza e beleza de cada bola de sabão.
O fim das férias chegou e seu pai, foi buscá-lo. Nesse Verão, e como muitos outros, o pai não tinha podido ter férias. Era uma tarde quente de Setembro e lá estava no jardim, o Afonso e o Jack aos pulos, rodeados de bolas transparentes e coloridas.
Seu pai ficou surpreso, havia lhe dado no Natal uma máquina de fazer dezenas de bolas mas ele nunca tinha brincado com ela. No entanto, aquele frasquinho redondo, laranja e aquele círculo já envelhecido o entretia com grande alegria. Ficou sem palavras e durante uns momentos se reviu naquele mesmo jardim à 30 anos atrás. Só que nessa altura, seu pai ,o acompanhava sentado no banco do jardim. Faziam concursos durante tardes inteiras, sobre quem conseguia fazer a bola maior.
-Filho- disse seu pai.
Afonso correu para o pai e saltou para o seu colo num abraço.
-Queres fazer um concurso de bolas de sabão?- Perguntou seu pai.
Aquela tarde quente, pareceu longa e foi como se as férias de Verão fossem apenas aqueles momentos.
Nunca mais pai e filho se largaram nas férias e muitos outros concursos de bolas de sabão, de corridas com o Jack e jogos de futebol fizeram e fizeram.
Há coisas importantes na vida mas se aquilo pelo o qual trabalhamos todos os dias não nos permite estar com quem amamos para que serve afinal.
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