Avançar para o conteúdo principal

A crise do Pombo

-Já não sei, aonde cortar mais nas minhas despesas! – Comentava António com João, naquela esplanada, à hora de almoço.
-A crise afecta a todos, amigo! Já deixei todos os gastos supérfluos: os jantares com os amigos, as idas ao cinema, o ginásio. Enfim, agora, ganho apenas para sobreviver – Retorquiu João.
O calor daquela tarde de Primavera, retirava o apetite e convidava sim a bebidas frescas.
-Estou sem apetite! Este calor!
-Eu também!
Os pratos com os bitoques ficaram a meio. No final da refeição, assustaram-se com o bater de umas asas:
-Que bom, já a algum tempo que não comia batatas fritas ainda mornas!
Os dois amigos olharam um para o outro e não queriam acreditar no que acabaram de assistir. Um pombo falante:
-Humm! Nhami e ainda há pão com restos de ovo – continuava o pombo, enquanto atacava os restos dos pratos dos dois amigos.
-Tenho que fazer dieta! Senão a Geraldina, dá-me cabo da cabeça! Estes pratos andam cada vez mais cheios e apetitosos! É dificílimo resistir! – Suspirava.
-Tu, tu! Falas? – Gaguejou António.
-Claro que falo! Já agora, algum de vocês conhece alguma dieta que resulte? Desde que veio o calor, não consigo resistir aos pratos quase cheios desta esplanada! Vocês também já precisavam, ein?
António, olhou para a sua barriga proeminente e para a de João. Levantaram-se, pagaram e regressaram ao trabalho. Passaram a tarde toda a trabalhar afincadamente.
No final do dia. João recebeu um e-mail de António:
“Sinto-me completamente estúpido em falar em crise, quando aquilo o que eu desperdiço ainda serve para engordar alguém, nem que seja um pombo com a mania das dietas!”

Comentários

Eva Gonçalves disse…
Anda para aí muita gente que nem sabe a sorte que tem... e ainda se queixa...
Pois... o problema é se tu é que és o pombo...
beijo
Joana disse…
há muita gente que precisava de ler este texto!

Mensagens populares deste blogue

Felicidade

A Felicidade não se conquista, aprende-se!

O sonho do André

André tinha um sonho. Adorava brincar ao ar livre, nos jardins e parques da cidade. Gostava de saltar de pedra em pedra, como se estivesse a jogar na calçada portuguesa, mas, sempre que o fazia, sentia-se um bocadinho triste. E sabem o que o fazia sentir-se assim? O lixo espalhado pelo chão. André gostaria de ter uma vassoura mágica que varresse tudo ou uma borracha gigante que apagasse o lixo e um pincel para voltar a colorir de verde os jardins e de cinzento os passeios. Não conseguia perceber por que razão as pessoas deitavam lixo no chão quando havia caixotes espalhados pela cidade. Gostava de pensar que as pessoas não podiam ser tão descuidadas assim. Imaginava que existia um monstro do lixo que, ao tentar comer o lixo dos caixotes, deixava cair pelo chão pacotes de sumo, latas de cerveja e muitas outras coisas. Certo dia, na escola, a professora pediu a todos que desenhassem o que gostariam de ser quando fossem grandes e escrevessem um pequeno texto sobre isso como trabalho de ca...

Semelhanças

Aiii...começo a preocupar-me com algumas das semelhanças com os meus pais, estou a ficar com o maior defeito da família: o esquecimento!!! Roupa esquecida na máquina de lavar???? Que coisa, os genes, acabamos por ficar com uma mistura dos do pai e dos da mãe e com a idade começam a tornar-se mais evidentes.