Avançar para o conteúdo principal

O ego do Pastel de Nata

imagem: net


O Pastel de Nata sentia-se muito aborrecido. Farto da pastelaria do costume e dos hábitos de sempre. Saturado da rotina do "café e pastel de nata". Sentia-se muito deprimido e achava todos os outros, seus companheiros de prateleira, muito superiores.

"Le Croissant", tinha uma vida muito variada, saía quase a todas as refeições. Umas vezes era servido com manteiga, outras com doce de ovos, outras com fiambre e algumas vezes apenas simples. Aquecido ou frio, era muito apetecido. Até com chocolate, ele era recheado.

Outro seu vizinho, "The Scone", esse era muito fino. Só ao lanche era servido mas também sempre acompanhado com doce, manteiga ou simples.

Recentemente, tinha chegado o bombástico "The Cup Cake". Esse era o maior. Vinha com todos os recheios e mais alguns, muito colorido e extremamente doce.

Cada vez mais cabisbaixo, um dia resolveu não aparecer na pastelaria. Pensou, porquê ir se os meus companheiros de prateleira são muito mais versáteis e bons. Ficou em casa, a ver TV e meteu baixa.

Quase a dormitar no sofá, após o almoço, o telemóvel tocou insistentemente! Era o pasteleiro!

-Pastel, tens de vir. Tenho imensos clientes à espera. Dizem que não pagam os almoços se não te tiverem.

-Porquê, não preferem "The Scone" ou o "The Cup Cake"?

-Eu perguntei, mas a resposta foi, não. Essas eram as excepções à rotina, as novidades, sempre boas para experimentar mas não eram a regra. O teu sabor é insubstituível, afirmam.

-Mas eu sou sempre servido da mesma forma. Não tenho nada de novo!

-Também sugeri os teus vizinhos com acompanhamentos . Não quiseram. Sabes Pastel, afirmam que te preferem porque tu és simplesmente bom. Não precisas de mais nada!

Pastel de Nata, levantou-se do sofá e partiu para a pastelaria. A partir desse dia, nunca mais se sentiu aborrecido ou menosprezado. Com canela e açúcar em pó ou apenas assim tal e qual como é, saía com ego levantado.Valia por si próprio!

PS.: Neste post cada um dos bolos corresponde um povo: o Pastel de Nata, os portugueses; Croissant, os franceses; Scone, os ingleses e o Cup Cake, os americanos.

Comentários

Eva Gonçalves disse…
Yum, yum.... ai.... comia agora uns 3 de seguida com um coffeezinho no final.Não há nada como nos elogiarem para nos levantar a auto-estima!! On second thoughts, vou ali à pastelaria em frente e já venho!! :)) beijo
Unknown disse…
O pastel de nata, apesar de simples vale por si ;)
Fi ♥ disse…
Tu e as analogias:)
O pastel de nata tem é de aprender a dar valor a si mesmo, tenho orgulho em ser portuguesa pena que seja uma num milhão...
. disse…
Há que dar valor ao que é Nacional. Devia acontecer com mais frequência. Nós temos tantas coisas boas. Pena que a maior parte das vezes, nos esqueçamos deste facto...

Beijo*

Mensagens populares deste blogue

Felicidade

A Felicidade não se conquista, aprende-se!

Impossível amor eterno

O mundo tinha acabado de ser criado e apenas havia uma aldeia no topo das montanhas. Existiam três famílias, uma dedicava-se à pesca, outra à caça e outra à recolha de frutos. Todos realizavam as suas tarefas para o bem da comunidade e trocavam o resultado das suas actividades entre si. Os colectores eram amados por todos mas os pescadores e os caçadores odiavam-se entre si. Segundo eles, uma pessoa podia viver só comendo peixe ou só carne pelo que, não fazia sentido existirem as duas profissões. Um dia, Sol, filho dos caçadores apaixonou-se pela filha dos pescadores, Lua. Esta relação durou pouco tempo até que fosse descoberta e repudiada pelas famílias. Nos meios pequenos não existem segredos. O ódio foi tanto que decidiram afasta-los para sempre. O Sol passou a viver durante metade do dia e a Lua a outra metade, ficando o resto do tempo fechados numa gruta profunda das montanhas. Assim, os caçadores passaram apenas a procurar animais durante o período que o seu filho era liberto, a ...

Aos que me acompanham

Ouço todo o mundo dizer que “ o mundo dá muitas voltas”, que “ o que hoje tens como certo, amanhã pode não o ser”. Questiono-me agora acerca das pessoas que estão sempre ao teu lado, incondicionalmente. Os nossos pais, por exemplo, discutimos, brigamos, queremos muitas vezes que eles nos deixem viver a nossa vida. Contudo quando, mais uma vez “batemos com a cabeça” regressamos e eles tem sempre os braços abertos para nos receber. Os verdadeiros amigos também estão neste grupo. Aqueles que já nos viram fazer figuras ridiculas e nem sequer ligaram ao assunto. Continuam ao nosso lado. Estão dispostos a ouvirem-nos ás 3h da manhã porque, mais uma vez, a vida nos pregou uma partida. É claro, que, um dia, não por vontade própria, podem-nos deixar mas, nessa altura já tem um lugar tão grande no nosso coração que os torna Eternos .