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Bicho-de-contar

imagem: net
As férias de Verão, eram sempre passadas com os avós, no campo.
Numa tarde, André, jogava com os berlindes que o avô lhe tinha dado. Queria atirar cada vez mais longe. Concentrava cada vez mais a sua força toda nos seus pequenos dedos. As bolas de vidro colorido iam cada vez para mais longe, no quintal.
Atirou com tanta força um desses berlindes que o perdeu no meio das ervas e das pedras. Tentava achar os seus reflexos do Sol no vidro. Olhava atentamente para todos os cantos e recantos, à procura de um brilho especial.
De repente, junto a uma pedra encontrou o berlinde perdido. Junto a este, estava também uma pequena bola preta.
- Alguém perdeu este berlinde! Não é muito bonito, mas dá para jogar! – Pensou.
-Não, por favor!
André, olhou em seu redor e ninguém ali estava.
-Não me batas!
Muito confuso e a começar a ficar assustado, o menino, perguntou:
-Quem fala? Onde estás? Mostra-te!
-Sou eu! Na tua mão!
André, baixou o olhar e o berlinde preto que havia achado, à minutos, era agora um bicho engraçado com uma carapaça e muitas patinhas minúsculas.
-O que és tu?
-Sou um bicho-de-conta!
-Tu fazes contas? – Perguntou, pois só tinha ouvido falar deste tema na escola e não gostava nada.
-Sim, faço!
-Odeio contas e não percebo nada!
-Não gostas porquê?
-Não entendo!
-Hum, olha ajudo-te a fazer contas de me deres um desses berlindes.
-Para que é que queres um berlinde?
-Estou cansado de me esconder atrás destas pedras feias. Essas bolas coloridas davam uma boa camuflagem. Além disso, conseguia ver quem se aproximava sem me mostrar.
-Está bem!
-Então poisa-me junto aquelas pedras!
André assim o fez.
-Apanha uma pedra, coloca numa mão, apanha mais duas e coloca na outra. Agora junta-as. Quantas são?
-Hum, uma, duas, três. São três!
-Agora tira uma e deita fora! Quantas ficam!
-Uma, duas! São duas!
E assim, passaram as tardes do resto daquele Verão. A somar e a subtrair. André aprendeu a contar e o bicho-de-conta teve um novo lar.

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