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Janela de oportunidades

Sentado no baloiço com uma vista para a janela, recortada por fios de metal, Joãozinho, tinha uma visão do mundo, que o rodeava muito diferente.
Sabia que, havia outras aves na rua e que por vezes até paravam no parapeito. Observava as rotinas dos seus humanos e de outros que via todos os dias, lá em baixo.
Certo dia, um pardal, muito arrepiado com o frio, entrou pela janela por acidente e pousou numa prateleira, na marquise:
-Ai, ai, como se sai daqui?
-É simples, procura o caminho por onde entraste!
-Não sei por onde entrei!
Levantou voo e deu uma volta ao recinto, parando mesmo em cima da gaiola de Joãozinho.
-Não consegues voltar pelo sítio aonde entraste?
-Não. Ajuda-me!
Joãozinho, franziu o sobrolho. O seu recinto restringia-se aquela gaiola e por vezes à marquise, aonde ia brincar com a pequena da família. Sabia perfeitamente onde era saída/entrada da gaiola e por vezes até voltava para lá, quando se fartava de comer o pão-de-ló que a criança insistia em lhe enfiar pelo bico. Não conseguia perceber a desorientação do pardal.
-Estás a ver esse quadrado de metal que tens ali à esquerda?
-Esquerda?
-Sim, do lado da tua asa com a pena pintalgada de branco.
-Sim, vejo.
-Não sentes o ar vindo dai?
-Sim.
-Então essa é a saída!
-Obrigado! Não sabia que tinhas tanta capacidade de orientação. Estás ai fechado.
-Sabes, quando se tem um mundo de oportunidades pode-se não saber qual seguir mas se a vida apenas te dá uma, só te resta agarra-la sempre e quando ela surgir, com todas as tuas forças. Nunca se sabe se e quando ela voltará a aparecer.

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