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Triste por ter que te encontrar...

Corro em pensamento pelas memórias mais profundas da minha existência. Vasculho as gavetas das alegrias revoltando as histórias e revendo os sorrisos.
Olho para o armário das tristezas. Sabes que me dói a alma cada vez que abro aquelas portas.
No entanto, não vens! Não queres saber e obrigas-me a fazer um esforço sobre-humano para as tentar abrir. Só podes estar ali!
Onde deixei a chave daquele móvel? A memória tem destas coisas e protege-se. O que um dia nos fez sofrer ela esconde.
Memória! Memória! Dá-me a chave do armário das amarguras! Preciso de reabrir os lenços amachucados que um dia me limparam as lágrimas. Num deles tens que estar!
Ai, dor! O quanto um dia eu sofri? O que penei? As noites mal dormidas, o coração 24 horas apertado por um laço negro sufocante. A dor no pescoço das humilhações que recusava engolir.
Estás aqui, Paciência! Achei-te escondida na caixa de calmantes por cima do bloco verde. O bloco das folhas verdes que temia não precisar retirar e ansiava não precisar de ter.
Preciso novamente de ti! Desculpa!

PS.: Este texto muito pessoal, serve para lembrar de que um dia vivi, como muitos bons portugueses, agarrado a livros de recibos verdes ansiando por ter que passar um no fim do mês mas desejando nunca sequer ter que o fazer. Nesta altura de crise, olhar para os piores momentos do passado faz-nos ganhar forças para o futuro.

Comentários

João da Nova disse…
Efectivamente assim o é… e eventualmente é essa melhor forma de estar, de viver, o pensamento de que podemos continuar, de que podemos ultrapassar e o sentimento de já termos ultrapassado situações piores ou igualmente más…

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