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Morri para te fazer crescer...

imagem: net
Se, depois de eu morrer...”
e o escudo voltar…
“Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.”
Com Dom Duarte nasci e com Dom Duarte morri…
“Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.”
Embora existam pessoas que ainda me fizeram viver 20 anos após a minha morte…
“Sou fácil de definir.”
Parti fraco para dar lugar a um forte que nunca nasceu…
“Vi como um danado.”
Sempre em crise num país cuja crise é uma característica…
“Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.”
Sempre lhes dei o verdadeiro valor…
“Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.”
Mas deturpei com ganância…
“Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.”
Ver o desejo levou-me a partir de par…
“Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;”
Os que vieram não as perceberam…
“Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.”
E criar uma união aparente…
“Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.”
Deixem-me descansar, mas se o pensamento rico que à diferença diz não existir andar de mãos dadas com cada vez mais gorda pobreza…eu posso voltar...


Alberto Caeiro
Diário de um Anjo

PS.: Hoje é último dia de recolha das notas de 100 escudos e lembrei-me de prestar esta homenagem ao Fernando Pessoa..

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