Avançar para o conteúdo principal

Um dia foi...

-Agora, para prestar homenagem a este homem, bom pai de família, bom amigo e de um excelente coração vamos fazer um momento de silêncio.
Dos filhos apenas estava um. O mais velho já não visitava a família há muito tempo. Na terra, diziam que tinha causado um grande desgosto a seus pais. Ninguém sabia ao certo, mas o amor pelas bonecas, as cores garridas na roupa e seu jeito afeminado poderiam ser a causa.
O mais novo, filho preferido, esse sim. Agora com todos os bens, sempre teve a vida facilitada com um emprego na empresa de construção do pai.
Por detrás das pessoas, alguém se lembrava das brincadeiras de infância, das saídas para os bailes e da troca de raparigas para namoriscar. Um velho amigo que, por esses velhos tempos resolveu prestar uma última homenagem. Nunca mais se tinham falado desde que o defunto t chegou à administração da empresa que haviam criado, através de uma acusação de furto ao seu sócio.
À frente de todos os presentes estavam os seus amigos mais recentes. Os idosos do lar com quem ele havia passado os últimos anos. Nunca tinha estado doente e ajudava todos os outros a movimentar-se e a fazer os seus afazeres. Era muito querido por todos.
O silêncio terminou e os últimos grãos de terra foram atirados para cima da sua última casa. Naquele momento não houve raivas, rancores nem invejas. O homem, que foi algures anjo, por vezes diabo e nem sempre amigo era agora apenas a sombra das coisas boas que deixara.




Comentários

Mensagens populares deste blogue

Felicidade

A Felicidade não se conquista, aprende-se!

O sonho do André

André tinha um sonho. Adorava brincar ao ar livre, nos jardins e parques da cidade. Gostava de saltar de pedra em pedra, como se estivesse a jogar na calçada portuguesa, mas, sempre que o fazia, sentia-se um bocadinho triste. E sabem o que o fazia sentir-se assim? O lixo espalhado pelo chão. André gostaria de ter uma vassoura mágica que varresse tudo ou uma borracha gigante que apagasse o lixo e um pincel para voltar a colorir de verde os jardins e de cinzento os passeios. Não conseguia perceber por que razão as pessoas deitavam lixo no chão quando havia caixotes espalhados pela cidade. Gostava de pensar que as pessoas não podiam ser tão descuidadas assim. Imaginava que existia um monstro do lixo que, ao tentar comer o lixo dos caixotes, deixava cair pelo chão pacotes de sumo, latas de cerveja e muitas outras coisas. Certo dia, na escola, a professora pediu a todos que desenhassem o que gostariam de ser quando fossem grandes e escrevessem um pequeno texto sobre isso como trabalho de ca...

Semelhanças

Aiii...começo a preocupar-me com algumas das semelhanças com os meus pais, estou a ficar com o maior defeito da família: o esquecimento!!! Roupa esquecida na máquina de lavar???? Que coisa, os genes, acabamos por ficar com uma mistura dos do pai e dos da mãe e com a idade começam a tornar-se mais evidentes.