Avançar para o conteúdo principal

Vida de pedra

Dei um pontapé numa pedra,
Rasguei a meia nova,
Tropecei em gato preto,
Fiz uma nódoa negra no peito.

Estraguei um vestido novo,
Mostrei o meu seio ao povo.

Perdi o autocarro,
Mais veio um de novo,
Reservado levou,
Na poça e em mim acertou.

Esperei meia hora,
 Lá de novo chegou,
Entrei desastrada,
Até aos ossos apertada,
 E por alguém tocada.

Cheguei ao destino,
Tentei aos encontrões furar,
 Não consegui escapar,
E noutra paragem fui parar.

Corri para o escritório,
O ponto tinha que picar,
A pressa era danada,
Que o salto num buraco quis ficar.

Entrei desgrenhada,
A chefe à minha espera danada,
 Sentei-me na secretária,
Com a cabeça torrada.

O computador quis ligar,
A rede foi na água parar.

Quando tudo se resolveu,
Urgente mail na caixa chegou.
Ceguei como um breu,
Para a rua fui convidada,
Sem justificação e sem nada.

Para casa fui preocupada,
De coração partido e vida estragada,
Amanha vou renascer, e na pedra vou bater.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Felicidade

A Felicidade não se conquista, aprende-se!

O sonho do André

André tinha um sonho. Adorava brincar ao ar livre, nos jardins e parques da cidade. Gostava de saltar de pedra em pedra, como se estivesse a jogar na calçada portuguesa, mas, sempre que o fazia, sentia-se um bocadinho triste. E sabem o que o fazia sentir-se assim? O lixo espalhado pelo chão. André gostaria de ter uma vassoura mágica que varresse tudo ou uma borracha gigante que apagasse o lixo e um pincel para voltar a colorir de verde os jardins e de cinzento os passeios. Não conseguia perceber por que razão as pessoas deitavam lixo no chão quando havia caixotes espalhados pela cidade. Gostava de pensar que as pessoas não podiam ser tão descuidadas assim. Imaginava que existia um monstro do lixo que, ao tentar comer o lixo dos caixotes, deixava cair pelo chão pacotes de sumo, latas de cerveja e muitas outras coisas. Certo dia, na escola, a professora pediu a todos que desenhassem o que gostariam de ser quando fossem grandes e escrevessem um pequeno texto sobre isso como trabalho de ca...

Semelhanças

Aiii...começo a preocupar-me com algumas das semelhanças com os meus pais, estou a ficar com o maior defeito da família: o esquecimento!!! Roupa esquecida na máquina de lavar???? Que coisa, os genes, acabamos por ficar com uma mistura dos do pai e dos da mãe e com a idade começam a tornar-se mais evidentes.