Dei um pontapé numa pedra,
Rasguei a meia nova,
Tropecei em gato preto,
Fiz uma nódoa negra no peito.
Estraguei um vestido novo,
Mostrei o meu seio ao povo.
Perdi o autocarro,
Mais veio um de novo,
Reservado levou,
Na poça e em mim acertou.
Esperei meia hora,
Lá de novo chegou,
Entrei desastrada,
Até aos ossos apertada,
E por alguém tocada.
Cheguei ao destino,
Tentei aos encontrões furar,
Não consegui escapar,
E noutra paragem fui parar.
Corri para o escritório,
O ponto tinha que picar,
A pressa era danada,
Que o salto num buraco quis ficar.
Entrei desgrenhada,
A chefe à minha espera danada,
Sentei-me na secretária,
Com a cabeça torrada.
O computador quis ligar,
A rede foi na água parar.
Quando tudo se resolveu,
Urgente mail na caixa chegou.
Ceguei como um breu,
Para a rua fui convidada,
Sem justificação e sem nada.
Para casa fui preocupada,
De coração partido e vida estragada,
Amanha vou renascer, e na pedra vou bater.
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