Uma folha de um castanheiro adorava embalar-se ao sabor do vento frio que vinha das montanhas. Vivia no mesmo galho com o seu irmão ouriço.
-Uiii! Virada para a direita, virada para a esquerda! – Repetia a folha.
-Adorava voar!
Ao seu lado, a castanha dentro do ouriço tremia cada vez que era obrigada a sair do sítio. Tinha medo de alturas e estava agarrada à sua casca protetora cheia de picos.
Ao seu lado, a castanha dentro do ouriço tremia cada vez que era obrigada a sair do sítio. Tinha medo de alturas e estava agarrada à sua casca protetora cheia de picos.
-Ai que medo!
-Tens medo do quê?
-De cair e magoar-me!
-Vives numa casa protegida! Eu é que se cair não terei quem me salve!
-Então porque querias voar?
-Gosto da aventura e de me sentir livre.
-Podes te magoar! Não tens receio?
-Tenho, mas mesmo assim gostaria de saber como é!
-És doida! Certo dia, veio uma enorme tempestade e o galho aonde estava a folha e o ouriço caíram no chão. O impacto foi tão grande que a castanha ficou com a sua casca protetora aberta.
A folha sorria de contente pois tinha caído num manto formado por outras já caídas.
-Foi fantástico, mana!
- Afirmava.
-Não foi nada! Estou toda dorida! O que vai ser de mim? O meu ouriço abriu!
-Tens que saltar!
-Não salto nada!
-Não disse nada! Não fui eu! – Afirmou a folha.
-Tens que saltar para a vida renovar!
-Ai que medo! Quem fala?
-Sou o teu ouriço!
-Ãh! Tu falas?
-Claro! Está na hora!
-Está na hora de quê?
-Tens de saltar!
-Não te quero deixar! Sinto-me protegida contigo, mais forte! Se saltar fico sem a minha irmã e sem ti – Respondia, quase a chorar.
- Eu preciso de vocês!
-Sim eu sei mas nós estaremos sempre contigo!
-A sério?
-Sim! A castanha começou-se a sentir solta no ouriço. Folgada. Já não tinha nada para se agarrar. A sua capa protetora tinha-a largado.
-Largaste-me!
-Salta! – Gritou o ouriço.
A temerosa castanha ganhou coragem e saltou, caindo em cima das folhas junto à sua irmã.
Entretanto começou a chover e adormeceu de cansaço.
Ao acordar, sentiu-se inchada.
-Bebi água demais! – Afirmou.
De repente, sentiu a sua pele a estalar.
-Ai, vou morrer! Ouriço! Mana! Da sua barriga saiu uma raiz verde.
-Fui atacada! Tenho um bicho dentro de mim a comer-me!
-Não te assustes! Tu tens um castanheiro a nascer dentro de ti! – Respondeu o ouriço.
-A sério?
-Sim! Vais dar vida!
-Ah! E vocês?
-Nós vamos desaparecer!
-Não, não quero!
-Não te preocupes nós vamos dar vida ao teu castanheiro. Ele vai-se alimentar de nós!
-Que horror!
-Não fiques triste porque nós estamos muito felizes!
A pequena castanha calou-se perante tal observação. O inverno passou e quando o Sol reapareceu, naquele manto de folhas, estava agora, um pequeno castanheiro verde, já com algumas folhas cheias de vontade de voar.
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