Avançar para o conteúdo principal

A corda du amour


Numa corda da roupa estava um pombo a baloiçar. Aquele era um dos seus poisos preferidos pois tinha uma visão abrangente de todas as pombas que poisavam no jardim em frente. Ao seu lado, poisou uma gaivota-macho:
-Ai! Vou cair, isto é muito instável. Prefiro o baloiço de um mastro dum barco em alto mar.
-Não é nada! – Disse o pombo.
- Tens é que manter o equilíbrio.
A gaivota-macho olhou de lado para o pombo e respondeu:
-És mas é doido! Uma corda destas, fininha e a abanar ao vento! Esquece lá isso!
A gaivota-macho levantou voo e fugiu para um poste em frente.
O pombo lá continuou. Fazendo até umas pequenas pausas para compor as penas das asas.
Passados alguns momentos poisou um melro.
-Este galho é muito fino! Prefiro os ramos mais altos da árvore.
-Não é nada! Tens é que manter a calma.
-Nem pensar! – Afirmou o melro voando para uma árvore ali perto.
Passados alguns momentos, estava o melro e a gaivota a observarem o pombo, cada um no seu poiso, quando chegou uma gaivota fêmea e poisou no jardim.
A gaivota-macho que estava em cima do poste começou a compor a postura para chamar a atenção.
De repente, chega uma amiga da gaivota, uma melra acastanhada linda de morrer.
O melro estica o pescoço para se aperaltar.
As três repararam no pombo que estava ainda na corda. Estavam embevecidas.
-Que corajoso! Tens que lhe falar! – Disseram a melra e a gaivota em coro para a pombinha.
Ela voou para a corda do pombo e ele falou-lhe ao ouvido. Voaram para um sítio mais reservado.
A melra e a gaivota voaram e foram-se embora.
O melro, muito triste vira-se para a gaivota-macho:
- Estás a ver! O pombo passou o dia poisado numa corda fininha sem fazer nada e conquistou uma princesa.
Entretanto o pombo, com ar satisfeito voltou a pisar na mesma corda.
O melro e a gaivota-macho voaram ao mesmo tempo e poisaram na roldana:
-O que disseste à pombinha para a conquistares logo?
O pombo sorriu e disse:
-Tu não voas! Tu deslizas!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Felicidade

A Felicidade não se conquista, aprende-se!

O sonho do André

André tinha um sonho. Adorava brincar ao ar livre, nos jardins e parques da cidade. Gostava de saltar de pedra em pedra, como se estivesse a jogar na calçada portuguesa, mas, sempre que o fazia, sentia-se um bocadinho triste. E sabem o que o fazia sentir-se assim? O lixo espalhado pelo chão. André gostaria de ter uma vassoura mágica que varresse tudo ou uma borracha gigante que apagasse o lixo e um pincel para voltar a colorir de verde os jardins e de cinzento os passeios. Não conseguia perceber por que razão as pessoas deitavam lixo no chão quando havia caixotes espalhados pela cidade. Gostava de pensar que as pessoas não podiam ser tão descuidadas assim. Imaginava que existia um monstro do lixo que, ao tentar comer o lixo dos caixotes, deixava cair pelo chão pacotes de sumo, latas de cerveja e muitas outras coisas. Certo dia, na escola, a professora pediu a todos que desenhassem o que gostariam de ser quando fossem grandes e escrevessem um pequeno texto sobre isso como trabalho de ca...

Semelhanças

Aiii...começo a preocupar-me com algumas das semelhanças com os meus pais, estou a ficar com o maior defeito da família: o esquecimento!!! Roupa esquecida na máquina de lavar???? Que coisa, os genes, acabamos por ficar com uma mistura dos do pai e dos da mãe e com a idade começam a tornar-se mais evidentes.