Duas gotas caíram numa folha de uma planta. Não se conheciam
mas simpatizaram logo uma com a outra. Falaram, falaram até perderem a noção do
tempo.
Junto ao caule da planta estava uma semente. Contudo,
momento atrás de momento ia secando com o tempo, pois não tinha tido a sorte de
receber água.
As gotas distraídas com a conversa não tinham reparado nela.
Passado algum tempo, uma das gotas parou de falar e olhou à
sua volta, reparando na semente que murchava e disse:
-Ela vai morrer! O que podemos fazer?
-Não sei! Não tenho força suficiente para movimentar a folha
e regá-la!
-Ela vai morrer!
-Espera! Conseguíamos se nos juntássemos. O nosso peso
talvez incline a folha e nos faça cair!
A outra gota, corada de vergonha:
-Tenho medo de cair, de me magoar!
-A água não se magoa, transforma e dá vida!
A gota mais medrosa baloiçou o corpo e juntou-se à outra,
sem pensar mais. O peso das duas gotas tombou a folha e juntas caíram junto à
semente. Contudo, tiveram azar. Ficaram muito próximas mas não demasiado para
conseguir regar a semente.
-Oh! Não serviu para nada!
A gota medrosa abraça com tristeza outra gota mas de repente,
começaram a sentir algo, os seus corpos agitaram-se sem saber como e das duas
gotas juntas saiu outra pequena gota.
Essa pequena gota não só tocava na semente como a cobria o
suficiente para a regar.
A semente inchou, inchou e, passados alguns dias germinou
uma nova planta.
As duas gotas, essas, viveram felizes por estarem juntas,
realizadas por gerarem vida, até desaparecerem na terra com o tempo.
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