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Rotinas de Lisboa

Acordo de manhã, abro a janela,
Na rua andam as crianças pela mão,
O sem-abrigo dorme no chão,
As peixeiras agitam-se com uma flor na lapela.

Os idosos deixam o tempo passar,
Os desempregados de jornal na visão,
Os trabalhadores ao relógio perdem perdão,
Os cantoneiros a vassoura vão virar.

Olho para a televisão,
Capas de jornais correm politicas,
Noticias, cusquices e tricas,
Faz-me correr a manteiga e me foge o pão.

Acordo de manhã, abro a janela,
Na rua andam as crianças pela mão,
O sem-abrigo dorme do chão,
O janota agita a flanela.

Os jovens andam de música no coração,
As senhoras bem vestidas e maquilhadas,
Deixam-se passear pelo cão,
Os carros agitam as estradas.

Cartazes na rua e nas vielas,
A publicidade do dia e da ocasião,
Os espectáculos e o cinema das estrelas,
As novidades da promoção.

Acordo de manhã, abro a janela,
Na rua andam as crianças pela mão,
O sem-abrigo dorme do chão,
O doutor de fato de tela.

Esta é a minha cidade amada,
De colinas e fado no coração,
Tejo de porta dada,
E mar de lição.

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