Pinóquio perguntou a seu pai Gepeto, enquanto observava as
pessoas pela janela da oficina aonde tinha sido criado:
-Pai, porque é que as pessoas estão a enfeitar as casas e
andam de um lado para o outro com sacos cheios?
-Porque se aproxima o Natal.
-Hum e o que é?
-É a altura do ano aonde os humanos comemoram o nascimento
de Jesus e como tal decoram as suas casas e oferecem presentes uns aos outros
como os Reis ofereceram ao menino. Acho que já te tinha contado essa história.
-Ah, a da estrela e de Belém?
-Sim essa!
-Também quero decorar a nossa casa pai!
Gepeto já não festejava há muitos anos o Natal mas, este ano
como tinha um filho de facto, fazia sentido mas não tinha muito jeito.
-Queres uma árvore de Natal é?
-Sim!
O velhote pensou que esse ano não tinha sido assim tão
avantajado financeiramente para se dar ao luxo de comprar um pinheiro e ainda
por cima tão perto do Natal, cujo preço estaria empolado de certeza.
Nessa noite teve dificuldades em adormecer, a pensar como
iria dar ao seu filho uma árvore. Não tinha mesmo jeito nenhum e naquela
oficina a única coisa que havia eram restos de madeira já envelhecida e
serradura espalhada pelo chão. Deu voltas e voltas na cama e não conseguiu
pregar olho.
Assim sendo, levantou-se muito cedo para trabalhar. Tinha umas
pernas de uma mesa para arredondar e pregar. De repente enquanto alisava a uma
tábua de madeira reparou que havia umas lascas que ficavam encaracoladas e teve
uma ideia. Agarrou num tronco velho que estava na oficina e cortou-o em forma
de cone. Depois com uma espátula fez sair umas lascas encaracoladas, como se
fossem ramos.
Entretanto Pinóquio acordou e reparou que num canto da
oficina junto à janela agora tinha uma árvore.
-Pai conseguiste!
-Gostas? Agora preciso da tua ajuda para enfeitar.
Pinóquio coçou o seu nariz a pensar. Lá fora o Inverno
marcava a estação e umas folhas vermelhas caiam da árvore em frente.
-Pai, pai, já sei! Penduramos aquelas folhas vermelhas.
Gepeto foi à rua apanhar as folhas. As pessoas passavam e
olhavam-no de soslaio mas como ele era um velhote estranho ignoraram.
Foi para dentro e pendurou as folhas na árvore com corda
atada aos caules.
-Está linda pai.
-Agora faltam as luzes, filho! Mas eu não tenho dinheiro
para comprar.
-Não faz mal.
O dia foi passando e Pinóquio não largou o pinheiro e a
janela por um minuto. Quando anoiteceu, as luzes na rua acenderam-se.
-Pai, pai!
-Diz Pinóquio!
-Já temos luzes!
O velho olhou para a árvore e por entre as farpas de madeira
e as folhas vermelhas as luzes do candeeiro da rua brilhavam quase como se
tivessem dentro da oficina.
Gepeto sorriu e nessa noite dormiu um sono sossegado porque
tinha conseguido dar ao seu filho uma bela árvore de Natal mesmo sem gastar
nenhum dinheiro.
Comentários
Gostei!!
Beijinhos