O que é que nos faz querer estar onde não estamos?
A desejo do estar ou o desejo do não estar?
Eu acho que é por não conseguirmos ver realmente onde estamos nem onde não estamos que nos faz querer mais. Não porque esse mais seja melhor mas, visto daqui parece que sim. É assim, nesta necessidade constante de estar onde não se está que se vive até ao dia onde se desejava estar onde se esteve porque, nessa altura, o que se vê daí é um fim que nunca se pensou existir.
O mundo tinha acabado de ser criado e apenas havia uma aldeia no topo das montanhas. Existiam três famílias, uma dedicava-se à pesca, outra à caça e outra à recolha de frutos. Todos realizavam as suas tarefas para o bem da comunidade e trocavam o resultado das suas actividades entre si. Os colectores eram amados por todos mas os pescadores e os caçadores odiavam-se entre si. Segundo eles, uma pessoa podia viver só comendo peixe ou só carne pelo que, não fazia sentido existirem as duas profissões. Um dia, Sol, filho dos caçadores apaixonou-se pela filha dos pescadores, Lua. Esta relação durou pouco tempo até que fosse descoberta e repudiada pelas famílias. Nos meios pequenos não existem segredos. O ódio foi tanto que decidiram afasta-los para sempre. O Sol passou a viver durante metade do dia e a Lua a outra metade, ficando o resto do tempo fechados numa gruta profunda das montanhas. Assim, os caçadores passaram apenas a procurar animais durante o período que o seu filho era liberto, a ...
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