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O amanhã do relógio

 Era uma vez uma lagartixa pequenina, que tinha acabado de aprender as horas. Tinha sido muito difícil, mas lá ia acertando nas horas e nos minutos.

-Mãe, já sei as horas! Já sei as horas! – cantava a lagartixa.

A mãe mais preocupada em arranjar pequenos insetos para comer achava que aquela vontade da filha em saber as horas completamente desnecessária.

-Mãe, sabes o que é o amanhã?

A mãe lagartixa, já habituada a estas perguntas lá respondia.

-Quando o sol dormir e acordar outra vez!

-Mas mãe, são duas voltas, são duas voltas!

A mãe nem queria saber, só pensava no que iria caçar para jantar. Corria de um lado para o outro.

-Vai ver se caças umas moscas que o dia passa mais depressa!

A pequena lagartixa não percebia. O tempo era o tempo e um dia na cabeça dela ,agora, eram duas voltas ao relógio.

Enquanto jantavam, no canto do teto do sótão onde viviam, perguntou, mais uma vez, a lagartixa:

-Mãe? Quantas voltas do relógio vais viver?

A mãe sempre, a pensar no que estava a fazer ou iria fazer nos momentos seguintes, nunca tinha pensado nisso.

-Não sei filha!

-Quantas voltas do relógio a avó viveu?

Não sei filha, a avó morreu bem velhinha.

-Quantas voltas do relógio vais viver até ficar velha?

A mãe já farta de tanta pergunta respondeu:

-Vai mas é caçar moscas que essas ideias passam-te.

A lagartixa vendo uma mosca ali perto parada já velhinha, chegou ao pé dela e perguntou:

-Quantas voltas do relógio tens tu?

A mosca respondeu:

-Já vivi o suficiente para cheirar os aromas mais agradáveis que consegui, para saborear as iguarias mais apetitosas que encontrei, para ver as coisas mais belas com que me deparei, para ouvir as melodias mais encantadas por isso se quiseres podes comer-me.

-Isso são quantas voltas?

-Minha pequena lagartixa, nós moscas só vivemos 1 mês e eu já o vivi.

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