O Pantufas adorava a sua bola de trapos. Eram inseparáveis. Tinha-a desde que era gatinho. Dormia e brincava com ela todos os dias.
Sempre que o Pantufas estava feliz, a bola rebolava e saltava nas suas patas. Quando o gatinho estava triste, enroscava-a nas suas patas para se sentir melhor.
Contudo, nos dias em que estava enfurecido ou aborrecido com alguma coisa, mordiscava e arranhava a bola até à exaustão.
O tempo foi passando e a bola começou a apresentar sinais de desgaste.
Certo dia, o Pantufas não dormiu bem. Quando acordou, estava rabugento, cansado e irritado. Pegou na sua bolinha de trapos e tentou brincar, mas, em vez disso, a fúria falou mais alto, e arranhou-a com toda a força.
Os pedaços de trapos não aguentaram e a bola rasgou-se, deixando sair do seu interior um manto branco e fofo.
O Pantufas ficou estático, a olhar para a bolinha esventrada. Não queria acreditar que a sua amiga e companheira tinha ficado assim.
Agarrou a sua bolinha e levou-a na boca à sua dona, que, com toda a paciência, coseu os rasgos.
De regresso às suas patas, a bola voltou com todas as marcas dos momentos felizes e cicatrizes de todas as suas fúrias.
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