O Tomé era muito, mas muito comichoso. Todos os dias, antes de ir para a escola, experimentava várias escovas para os pêlos da barriga. Gostava de os ter bem lisinhos e arrumados. Calçava várias meias e ténis até ficar com os pés simplesmente perfeitos... pelo menos naquele dia, porque, no dia seguinte, a solução já poderia não ser assim tão perfeita.
Estas manias cansavam a sua mãe, que ficava todos os dias à sua espera.
— Estas meias já não prestam, mãe! Estragaste-as a lavar!
— Esta escova é horrível, mãe! Tens de fazer outra!
— Odeio estes ténis!
Dizia o Tomé, todos os dias. Os pais faziam tudo para acomodar as suas vontades. A avó tricotava meias novas todas as semanas, e a mãe fazia uma escova de picos de silva várias vezes.
As rotinas repetiam-se. Certo dia, o Tomé brincava no quarto. Fingia ser um super-herói e imaginava que o Super-Picos, o seu boneco preferido, lutava contra o vilão Lobo Pardo. De repente, começou a ouvir uma voz:
— Desculpa, tu passaste a ferro esta capa? Não gosto dela! É simplesmente horrível!
O Tomé não queria acreditar. O seu super-herói estava a falar.
— Tu falas? — indagou o Tomé.
— Claro que falo! Ai!!! E este pêlo... Já o escovaste hoje? Achas que posso lutar contra o vilão assim?
O Tomé foi à casa de banho e trouxe a sua escova nova. Penteou os pêlos do seu super-herói e esticou muito bem a sua capa.
— Odeio esta escova! Tu não sabes pentear! E a capa? Só a esticaste? Não a passaste a ferro? Não acredito! Eu não vou brincar assim!
O Tomé correu de novo à casa de banho e trouxe a sua escova da semana passada. Pôs a capa debaixo de si, deitou-se para a esticar muito bem, e voltou ao quarto.
— Mas o que é isto? Não vou usar a tua escova velha! E a minha capa... estás a ver aqui? Tem vincos!
O Tomé perdeu a paciência. Queria mesmo brincar antes do jantar, mas não conseguia.
— Tomé! Prepara-te para jantar! — chamava a mãe da cozinha.
— Ahhhh... Pára com isso, Super-Picos! Estás a ser muito chato! Passei o meu tempo todo a pentear a tua barriga e a esticar a tua capa! Amanhã, não brinco contigo! Vou brincar com os carrinhos.
Correu para a gaveta dos carros e pegou no seu carro preferido.
— Não gosto destas rodas! Estão todas cheias de pó! — disse o carro.
Pegou no seu segundo carro preferido, um carro de bombeiros.
— Odeio esta mangueira e este guindaste. Quero outra mangueira!- disse o carro de bombeiros.
O Tomé ficou furioso e só lhe apetecia chorar. Correu para a sua mãe, mas ela parecia ficar cada vez mais longe... corria e corria, mas não a conseguia alcançar... estava desesperado.
— Tomé! Tomé! Acorda, meu amor. Estás a ter um sonho mau.
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