Era uma vez um caracol chamado Alex, que vivia num arbusto em Aljezur, junto dos seus cinquenta irmãos, perto da praia da Amoreira.
Adorava sentir o vento e, sobretudo, a brisa fresca do mar. Os seus dias preferidos eram os de nevoeiro. Acordava com a carapaça coberta de gotas de água fria e salgada e escorregava pelos ramos como os surfistas da praia.
O sonho de Alex era ser surfista. Nesses dias, fechava os olhos e imaginava que tinha uma carapaça colorida como as autocaravanas e que usava uma prancha debaixo do seu corpo.
— Yupiieee! — dizia ele.
Os seus irmãos odiavam a brisa do mar. Gostavam de estar sossegados e só saíam da carapaça para dar umas trincas nas estevas.
Achavam que ele era doido e, por isso, deixavam-no sempre na base do ramo onde viviam. Ele não se importava nada, porque assim podia escorregar pelas gotas do orvalho.
Certo dia, viu uma menina a passear junto à praia, de mão dada com os seus pais. Os seus irmãos esconderam-se todos nas carapaças e agarraram-se com força.
De repente, a menina aproximou-se do ramo.
— Olha, mãe, uma espetada de caracóis! Posso apanhar o ramo?
— Se calhar não é boa ideia! Assim, os caracóis ficam sem casa, sem comida e acabam por morrer.
— Mãe, posso levar um? Prometo que cuido dele e dou-lhe comida!
— Está bem — anuiu a mãe.
Alex teve azar, porque estava na parte de baixo do ramo e não conseguiu escapar. Foi o escolhido.
A menina agarrou em Alex e levou-o nas suas mãozinhas pequeninas para a praia.
Alex espreitou e viu-se mais perto do mar do que nunca. O seu coração pulava de alegria.
A menina lavou o seu balde transparente, com uma autocaravana pintada, e colocou Alex lá dentro, debaixo do chapéu de sol.
Tirou das suas sandes toda a alface que tinha e fez uma caminha para o Alex.
O nosso caracol não queria acreditar. Via o mar, sentia o cheiro do mar e surfava nas gotas da água do mar.
Alex não sabia o que lhe iria acontecer no futuro, mas, naquele momento, era o caracol mais feliz do planeta.
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