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A bruxa com chulé

Era uma vez uma bruxa chamada Alice que vivia num bosque distante. Levava uma vida tranquila, rodeada pelos seus feitiços, numa casinha de madeira. A única altura do ano em que saía do bosque era na noite das bruxas. Nesse dia, vestiu o seu melhor vestido, escovou a sua vassoura preferida e preparou-se para sair. Todas as suas amigas estariam lá, por isso tinha que estar no seu melhor. No entanto, demorou tanto a preparar-se que acabou por se atrasar. Montou-se na sua vassoura e disse as palavras mágicas: — Palhas de aranha e baba de rato, arruma as palhas e voa de jacto! E lá foi ela. Já era Outono e o ar no céu estava frio. De repente, começou a sentir um dos seus pés gelados. Olhou para baixo e percebeu que se tinha esquecido de calçar um sapato. — Ai, meu caldeirão! O que será de mim? Já não tenho tempo de voltar atrás. Vou para a festa descalça. Alice ficou bastante preocupada, não só por ir descalça, mas também porque tinha um problema nos pés: um chulé horrível e malcheiroso. Ne
Mensagens recentes

Jogo de sustos

A noite mais desejada do ano estava a chegar. O zombie Trapos, o fantasma Sopro e o esqueleto Ossos estavam a preparar tudo. Ia ser uma noite de muitos sustos e partidas. Trapos estava entusiasmado: – Vamos fazer um jogo! – Qual jogo? – perguntou Ossos. – Aquele que conseguir mais gritos arruma o sótão da casa assombrada durante um mês! Então assim foi. Trapos fez tudo para parecer ainda mais assustador: esfarrapou mais a roupa, arrancou mais uns cabelos e rebolou na lama, ficando num estado deplorável. Ossos, após pensar muito, resolveu aprender a desencaixar e encaixar a cabeça. Estava a imaginar-se a aparecer à frente das crianças com a cabeça na mão. Restava o Sopro que, simplesmente, não podia fazer nada. Ele era quase invisível. O que poderia fazer? Pensativo e muito triste, Sopro refugiou-se no seu sítio preferido: o telhado. Não sei se vocês sabem, mas os fantasmas só são visíveis quando querem. Contudo, existe um ser que os vê sempre: os gatos. E Sopro tinha um amigo vivo, o B

A história da macaquinha Nanas

Era uma vez uma macaquinha chamada Nanas que vivia com os seus pais numa árvore do parque florestal. Todos os dias, brincava com os seus amigos e com a sua mãe. Gostavam muito de construir coisas com as folhas e ramos da árvore, inventar histórias e jogos. Um dia, a sua mãe, ao tentar apanhar uma folha, desequilibrou-se e magoou-se. Caiu da árvore abaixo e espetou um ramo na sua barriga. Por causa disso, teve que ir ao veterinário do parque, que decidiu que ela precisava de uma cirurgia para tirar os restos do ramo. A Nanas ficou sem a sua mãe. Naquela noite, a macaquinha tentou adormecer, mas faltava a história, o mimo e até a canção que a sua mãe costumava cantar, que já não ouvia há algum tempo e que lhe apetecia ouvir. O seu pai contou uma história e deu muito carinho, mas não era suficiente. – Pai, sinto falta da mãe! – dizia a Nanas. – Eu sei, minha querida. É só por uns dias. Não tarda, está cá outra vez. – Pai, e se ela não voltar? – Claro que volta! – Pai! – Sim, filha? – A mã

A bola de trapos do Pantufas

O Pantufas adorava a sua bola de trapos. Eram inseparáveis. Tinha-a desde que era gatinho. Dormia e brincava com ela todos os dias. Sempre que o Pantufas estava feliz, a bola rebolava e saltava nas suas patas. Quando o gatinho estava triste, enroscava-a nas suas patas para se sentir melhor. Contudo, nos dias em que estava enfurecido ou aborrecido com alguma coisa, mordiscava e arranhava a bola até à exaustão. O tempo foi passando e a bola começou a apresentar sinais de desgaste. Certo dia, o Pantufas não dormiu bem. Quando acordou, estava rabugento, cansado e irritado. Pegou na sua bolinha de trapos e tentou brincar, mas, em vez disso, a fúria falou mais alto, e arranhou-a com toda a força. Os pedaços de trapos não aguentaram e a bola rasgou-se, deixando sair do seu interior um manto branco e fofo. O Pantufas ficou estático, a olhar para a bolinha esventrada. Não queria acreditar que a sua amiga e companheira tinha ficado assim. Agarrou a sua bolinha e levou-a na boca à sua dona, que,

É muito chato o Sol

 Certo dia tens alguém para cuidar, Alguém mais importante para ti que tu própria. Dormir deixa de ser importante, Comer passa a ser secundário, Os outros parecem não existir.   Podia ser de outra forma? Se calhar mas quem o consegue? É um ser que depende de ti, Sem ti não vive. Tu és o Sol dele e ele a tua vida.   Os dias passam, os meses e os anos, Até que…um dia tu deixas de ser importante, Há mais planetas na vida daquele ser, Cuja a vida não é apenas tu, Mas que continua a ser a tua vida.   E agora? O ser luta para te deixar, E tu lutas para que a tua vida fique. Vazio, tristeza e solidão.   Ficas só no meio da multidão, Ficas gelada por dentro, Sem rumo, perdida.   Aquele: Mãe, queres brincar? É substituido com: A que horas posso sair? O : Adoro-te mãe! É trocado por: És uma chata, não me deixas fazer nada! E assim, aquele pequeno ser descobre que o sistema solar é imenso, cheio de outros planetas, estrelas e cometas. O

Chuva de letras

Certo dia o João acordou, olhou pela janela e não queria acreditar. As ruas estavam cobertas por um granizo estranho. Não eram pedras nem pedrinhas mas sim letras. Imensas letras maiúsculas e minúsculas umas em cima das outras. Correu para o quarto dos pais: -Mãe, pai, estão a cair letras do céu! Os pais, ainda meio a dormir, acharam que João tinha estado a sonhar. -João meu querido! Estiveste a sonhar! – disse a mãe. -Não mãe! Juro! Vai à janela. A mãe para terminar o assunto, abriu os estores e ficou abismada. Afinal o filho tinha razão. Correu para agarrar o telemóvel e fotografar a paisagem, mas a definição da câmara não permita distinguir o que era. Via-se apenas um manto branco. Desceu as escadas com a câmara ligada, mas quando abriu a porta as letras haviam derretido. O pai lá se levantou para ver o que se passava e já não viu nada. -Vocês ainda estavam a dormir! As letras não caem do céu! Prosseguiram com as rotinas matinais e saíram de casa. Hoje era o di

O amanhã do relógio

 Era uma vez uma lagartixa pequenina, que tinha acabado de aprender as horas. Tinha sido muito difícil, mas lá ia acertando nas horas e nos minutos. -Mãe, já sei as horas! Já sei as horas! – cantava a lagartixa. A mãe mais preocupada em arranjar pequenos insetos para comer achava que aquela vontade da filha em saber as horas completamente desnecessária. -Mãe, sabes o que é o amanhã? A mãe lagartixa, já habituada a estas perguntas lá respondia. -Quando o sol dormir e acordar outra vez! -Mas mãe, são duas voltas, são duas voltas! A mãe nem queria saber, só pensava no que iria caçar para jantar. Corria de um lado para o outro. -Vai ver se caças umas moscas que o dia passa mais depressa! A pequena lagartixa não percebia. O tempo era o tempo e um dia na cabeça dela ,agora, eram duas voltas ao relógio. Enquanto jantavam, no canto do teto do sótão onde viviam, perguntou, mais uma vez, a lagartixa: -Mãe? Quantas voltas do relógio vais viver? A mãe sempre, a pensar no qu