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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

Salpico, pico

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Sou um salpico, metediço , Molho a calça e o calção, Sou um salpico,  pisco , E caio no meio do chão. Sou um salpico, arisco, Sacudido por todos em vão, Sou um salpico, levadiço, E agarrado a quem passa, sem razão. Sou um salpico,  catrapisco , A quem não me adora dou a mão, Sou um salpico, at iradiço , E a quem me ama ofereço o coração.

Um pouco de inocência

O avô olhava-se no espelho e tentava pentear-se ao seu ritmo. Ao seu lado o neto, muito intrigado pergunta: - Porque é que os teus cabelos são brancos? -São resultado das asneiras que fiz, por cada, nasceu-me um – respondeu o idoso para de certa forma intimidar o pequeno a não fazer malandrices. Seguiu com as suas rotinas e começou a fazer a barba com a lâmina, à bela maneira antiga e única que sempre usou. -Porque é que a tua pele está enrugada? -São as tristezas que dei aos meus pais, por cada vez que não lhes obedeci. O menino estava muito pensativo. Quando o avô começou a lavar os poucos dentes que tinha. -Porque é que não tens os dentes todos? -Por cada mentira que preguei caiu-me um dente. O rapazito saiu e foi para o quarto. Passados alguns minutos o avô encontrou o menino perto do espelho, quase com os olhos colados. -Então o que se passa? -Avô acho que estou a ver mal! -Porquê? -Porque ainda tenho o cabelo castanho, não tenho rugas e os dentes tod

Que venham as moscas!

Um pato caminhava junto a um lago quando reparou numa rã que estava a apanhar sol num nenúfar. Andou sempre junto as margens da água e o batráquio ali estava, quieto sem se mexer. Só sabia que estava vivo quando as suas pálpebras abriam e fecham para humedecer a vista. A certa altura, curioso por tanta inércia resolveu perguntar: -Não estás cansada de estar ai sempre parada! A rã nem se mexeu. O pato, muito intrigado pelo desprezo voltou a insistir: -Se estivesse assim sem fazer nada durante tanto tempo, estava de rastos! A rã, após a persistência, rodou o pescoço e respondeu: - Ter que fazer é fácil. Árduo é ter que arranjar paciência para esperar por uma oportunidade para poder ser útil.

Love pig

Há muito mas muito tempo atrás, dois porquinhos encontraram-se numa reunião de animais da floresta. O acaso sentou-os lado a lado para aprenderem a realizar algumas tarefas necessárias à comunidade. Simpatizaram logo um com o outro e ficaram amigos. A reunião passou e cada um seguiu para o seu canto regressando à sua vida. Os dias passaram, os meses correram e apenas se encontravam em ocasiões sociais. A empatia era tanta, que sempre que estavam juntos no mesmo local sentavam-se um junto ao outro. Estivesse quem estivesse. Ficavam horas a falar como se o mundo à volta não existisse. Eles, naqueles momentos, criavam o seu próprio mundo, o seu próprio tempo e nada mais interessava. Certo dia, no meio da floresta ela procurava cogumelos e ele chafurdava à procura de raízes para comer. Estavam de cabeça baixa a farejar as folhas secas e a terra e não tiveram consciência que estavam os dois na mesma clareira e iam exactamente em direcção um do outro. Algo os aproximava. Seria o dest

Ora, é mesmo isto!

Um chapéu-de-chuva foi deixado esquecido numa floresta, junto a um tronco de um carvalho e perto de um cogumelo. Voou com o vento e estava aberto com uma das varetas torcida e o tecido meio rasgado. Dorido e magoado olhou para o cogumelo e perguntou: - Como é que tu, tão pequeno e frágil te aguentas em pé, sem um humano a segurar-te? O cogumelo, não habituado a que lhe fizessem perguntas permaneceu em silêncio. -Estás a ouvir? Oh baixinho e de cabo gordo! Como é que te seguras? O fungo já farto da conversa, resolveu responder: -A minha altura é tão grande como a minha vaidade, a gordura é tão vasta como a minha paciência e a fragilidade tão segura como a minha raiz e tu?

Do adeus à carne ao olá à febra

O termo Carnaval tem origem, no cristianismo, no latim “carne vale”, ou seja, adeus à carne caracterizado por um período de festividades antes do período de Quaresma de jejum. Hoje em dia,  acho que predomina mais por olá à chicha basta ver os desfiles abrasileirados que abundam por ai.