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A mostrar mensagens de janeiro, 2014

Quem, eu?

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Uma peixeira estava numa praça a vender quando passou um freguês: -Oh moço bonito! Vai um peixinho? É fresco! Tem ar de quem gosta de uma bela sardinha! O homem ouviu mas fez de conta que não assimilou. -Oh moço jeitoso! Vai uma sardinha! Tenho a certeza que gosta dela, gorda no pão! O senhor já a começar a ficar intrigado parou de costas voltadas a olhar para a montra da florista mesmo em frente à peixeira. -Oh moço charmoso! Não se faça de difícil! Sardinha e pimento assado são a sua perdição! O homem já demasiado intrigado voltou as costas e resolveu perguntar: -Bom dia minha senhora! Desculpe interrompe-la! Porque é que diz que eu gosto de sardinha, gorda no pão e com pimento assado? Não vejo como poderá fazer uma afirmação dessas sem nunca me ter visto! -Bom dia! E porque é que acha que eu me referia a si quando falava em moço bonito, jeitoso e charmoso apenas tendo o visto agora? 

De costas viradas

Um velho chapéu-de-chuva partiu-se e foi deixado no chão, acabando por voar para um canto da rua. Estava um dia de muito vento e andava tudo pelo ar. Passados alguns momentos, arrastado por uma rajada forte juntou-se a si um gorro ainda novo, perdido por alguém. O gorro estava todo esfarrapado e já tinha um buraco. O chapéu tinha uma vareta partida. Ali estavam abandonados à espera que os funcionários da autarquia os levassem para o lixo. Contudo, havia greve e não se aguardava que houvesse recolha nos próximos dias. Passado algum tempo vira-se o chapéu-de-chuva: - De vareta partida, De vareta rachada, Num momento abrigo, Noutro momento um nada. O gorro, molhado e sujo, ao ouvir tal lamento: -De corpo rasgado, De corpo magoado, Num momento calor, Noutro momento um fardo. Ali estavam os dois a gemer. No final do dia, vira-se o gorro para o chapéu-de-chuva: -Olha lá! O que achas que nos vão fazer? -Sei lá! De vareta partida não sirvo para nada. Se pudesse

A origem da cor

Um menino fez um desenho numa folha de papel. Um conjunto de riscos coloridos que conseguiam retirar um sorriso do olhar de quem o via. Nesse dia fez vários, mas aquele tinha todas as cores. As folhas estavam arrumadas numa pasta que seu pai lhe havia oferecido no natal. Quando saiu da escola, começou a chover e o menino correu para apanhar o autocarro e não chegar molhado a casa. Se tal acontecesse levaria um raspanete da avó. Nessa correria a folha colorida soltou-se, fugiu e caiu no chão. A chuva aumentou de intensidade. O papel ficou colado. A tinta começou a desbotar. Era como se começassem a cair lágrimas coloridas pelo caminho alcatroado. Entretido a apanhar umas sementes estava um melro. Corria por entre as folhas ali perto apenas orientado pelos grãos apetitosos. Estava tão distraído nas suas buscas que nem reparou no papel colorido. Tanto andou que sem notar acabou por chegar ao pé dele pisando uma das pontas. As gotas da chuva continuavam a cair e quanto mais caíam,