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A mostrar mensagens de março, 2013

A Gula, doce pecado

Há muitos mas muitos anos, num convento, havia uma freira muito gulosa. Tão gulosa que tinha ficado responsável pelas sobremesas e doces das épocas festivas mas estava impedida de provar a massa e os ingredientes durante o fabrico. A gula era pecado. A Páscoa aproximava-se e ela estava a derreter o mel para cobrir as amêndoas.  No convento, havia tanta agitação com os preparativos da época que não estava mais ninguém na cozinha. Ao olhar em volta e ver-se sozinha com o aroma do mel aquecido à sua frente, não resistiu. Pegou na colher de pau com a qual mexia o tacho e devorou o mel todo até ficar enjoada. Não estava a pensar nas consequências. Quando parou e tomou consciência do que tinha feito ficou em pânico. Tinha usado o mel todo que havia na cozinha. Como é que agora iria fazer as amêndoas? Sentou-se no chão, extremamente arrependida e a chorar. -Meu Deus, como é que eu vou adoçar as amêndoas agora? Em cima da mesa estava apenas um saco com uma iguaria nova, chamavam-lh

Penas versus Orelhas, round I

Depois de lido todos os documentos históricos, vários relatórios científicos de peritos em biologia e ouvido várias testemunhas, o advogado de defesa da galinha não aceita o veredicto. -Sr. Juiz é animalmente e cientificamente impossível um coelho pôr ovos! Tenho aqui várias transcrições de depoimentos que confirmam. Ao qual responde o advogado do coelho: -Sr. Juiz, nenhuma das testemunhas afirma ter estado no momento em que as crianças viram o coelho. Os relatos são de vários criadores de outros coelhos e outras galinhas. Não pode ser considerada prova. -Mas, Sr. Juiz, tenho aqui escutas de crianças que ficaram traumatizadas ao saberem que o coelho que tinham. Aquele animal fofo e peludo poderia pôr ovos- Afirma o advogado da galinha. -Merentíssimo, nenhuma das crianças era a que estava no quintal nem era filho da senhora pobre que coseu, pintou e escondeu os ovos. Logo não poderão ser consideradas prova válida. O advogado da galinha, vermelho e desesperado pela frustraç

A Crise está no Fim!

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Doodle da Google do dia 21 de Março de 2013 -Oh, Zé! Estás com ar de preocupado. -Sim gostaria de saber o que é a razão da crise e quando ela acaba! -Eh, pá! Isso é difícil de explicar. Já foste ao Google ver o que é primeiro? -Não, deixa ver! Primeira entrada do motor de busca do site wikipédia: “ Crise   ( do   grego   κρίσις ,- εως , ἡ   translit.   krisis ; em   português , distinção, decisão, sentença, juízo, separação)   -Aqui diz que Crise vem do Grego e fala em decisão, sentença, juízo e separação. Então é por isso que os gregos estão aflitos: por distinção, decisão, sentença, juízo ou separação. -Se calhar. -Mas continuo sem razão da crise. Vou ver o que é razão.  Na wikipédia: “ Razão   é a capacidade da   mente   humana que permite chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas ”. O Zé, franze o sobrolho e diz: -Já sei. -Conta o que descobriste? -A razão da crise foi porque houve uma mente humana chegou a conclusões com base em supo

Parte da soma de um todo

Certo dia, uma gota da chuva caiu junto a um grão de terra. Ambos tinham o mesmo tamanho mas nunca se tinham visto antes. Ficaram uns segundos a olhar um para o outro. A gota de água mais curiosa não resistiu de perguntar: -Viajei no ar, de mãos dadas, com outras gotas. E tu? -Nunca sai daqui. -Nunca? -Sempre vivi aqui. A gota de água, habituada a viajar e a procurar a razão para tudo ficou muito intrigada. Recorda-se de quando era pequena, no mar, de um dia sentir-se leve e flutuar até chegar ao céu aonde cresceu até voltar a cair. -Tudo tem um início? Não te lembras de quando eras mais pequeno? -Sempre fui deste tamanho. -Estranho. Já deves ter sido mais pequeno. Não te deves é recordar. Todos são pequenos quando novos e depois crescem. -Tu és persistente? Eu sou um grão de areia. Já fui é maior. -Ãh! Maior? Isso não é possível. -Gotinha, gotinha, o curso da vida nem sempre é semelhante ao teu. Os grãos de areia são filhos de rochas que se partem em pedras e

A rotina da saudade

Saudade é ver nos objectos do dia-a-dia a forma como os usavas, Repensar nas rotinas que me deixaste, sem quereres, Ouvir as frases que escreveste nos textos que repito sem pensar. Saudade é sonhar que não partiste, Que deixaste em mim parte da tua maneira de ser, Simples, sincera e lutadora. Saudade é sonhar contigo quase todas as noites sem saber porquê, O meu exótico consciente pensa em segredo que talvez queiras falar comigo, Parvoíce! Já não podes falar, ouvir-me nem acariciar-me! Dizer o quanto orgulho tens de mim ou mostrar-me o mundo como tu sempre o viste. Partiste mas vejo-te em cada flor, planta ou animal cujo nome me ensinaste. Deixaste-nos mas sinto-te em cada rotina que aprendi contigo. As pessoas só desaparecem quando ninguém se lembrar de algo que aprendeu com elas. Participação tema de Março Fábrica das Letras: Saudade

Inveja Dourada

Há muitos mas muitos anos atrás, antes do jantar de Equinócio de Primavera, uma moça muito bela cozinhava os ovos para dar aos homens que vinham da caça. Era o seu primeiro cozinhado e não sabia muito bem o que fazer nem adivinhava como haveria de saber quando os ovos estivessem cozidos. Ali perto, estavam outras moças que, ciumentas pela beleza da rapariga resolveram pregar-lhe uma partida: -Coloca uma casca de cebola na panela! Quando a casca partir o ovo estará cozido! – Disse uma em jeito de segredo. -Obrigado! – Agradeceu a bela donzela. Olhou em volta e não tinha nada para retirar os ovos do lume. Alguém tinha tirado a concha de madeira. Desesperada pois pensava que ira por as mãos na água a ferver, quando: - Ata um fio aos ovos antes de os pores a cozer. Depois é só puxares. A rapariga assim fez. Quando puxou pelo fio reparou que os ovos estavam todos marcados. As partes que tinham fio estavam mais claras e o resto estava dourado. Escondeu os ovos numa tigela e