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A mostrar mensagens de dezembro, 2011

Prioridades de vida, não?

Há coisas que me fazem confusão, nesta altura, em que todos falam de crise e os leitores mais frequentes e atentos a este blog já devem ter lido algumas coisas sobre o assunto. Tive uma educação humilde e fui habituada desde pequena a fazer contenções, a definir prioridades e a dar mais importância aos momentos do que as coisas. Creio que as pessoas perderam esta noção. É preciso cortar nos gastos e as pessoas olham para as suas despesas e escolhem. Fico é surpreendida com as opções. Vejo pessoas a poupar na comida e a pagar empregadas para limpar a casa e ainda pessoas que pagam a outras para lhes fazerem as lides domésticas e oferecem-se para serem pagas para fazer as dos outros. Desculpem o desabafo moralista mas faz-me imensa confusão! A mim sempre me disseram: “Pode não haver dinheiro para diversão mas têm que haver para o pão!”

Quero ter uma luz

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Foto: Nasa Quero ter uma luz brilhante, De cor pintada, Que aqueça o distante, Ilumine a tua estrada. Quero ter uma luz quente, Quiçá de branco armada, Que o escuro enfrente, Por ti amada. Quero ter uma luz marcante, Pois transparente e alada, Que a ti tente, E a mim para sempre traga.

O tamanho do trabalho

No armário de tachos e panelas do Sr. Joaquim já se notava a agitação dos preparativos para a grande noite de Concerto. Durante o ano, as tampas iam treinando sozinhas com as respectivas panelas. De vez em quando, trocavam só para testar a afinação. Contudo, na maioria do tempo a cada testo seu tacho. Eram treinos difíceis porque naquela noite apenas um iria ser selecionado pela grande Mestra, a panela de pressão, para tocar com a colher de pau. -Mestra, este ano serei a selecionada, não é? – Questionava a tampa da panela de sopa. - Sou a maior e faço mais som! – Reafirmava. A Mestra, calada no seu canto, não respondia. -Grande e sábia mestra! És a mais inteligente, a mais forte, a mais brilhante e resistente deste armário. Sabes que podes sempre contar comigo para o que precisares. Não sabes? – Afirmava, melosamente o testo da panela média. No canto oposto do armário, dormitava a tampa do tacho pequeno, demasiado utilizada pelo Sr. Joaquim porque vivia sozinho e por isso muito cansada

As prendas de Tito, o rato

Numa casa vivia uma família de ratos com dois filhos. Uma ratinha muito bem comportada e estudiosa e um ratinho mais espigadote. -Meus filhos, esta noite ninguém sai de casa! -Porquê pai? Os humanos têm a cozinha cheia de coisas boas e a despensa nunca teve tantos frutos secos e queijos. -Tito, fazes o que eu digo e não reclamas! Era noite de Natal e todos foram-se deitar mais cedo. Os ratos não comemoram o Natal e os pequenos nem sabiam o que era e como não podiam sair da toca, foram para a cama antes da hora do costume. Tito dava voltas na cama a questionar-se porque é que não poderia sair naquela noite. Nunca havia acontecido no seu quase um ano de vida. A curiosidade apertava e o seu estômago sonhava com as iguarias que tinha visto na despensa na noite anterior e que não tinha podido comer. Esperou que todos adormecessem e saiu da toca sem fazer barulho. Ao chegar cá fora, uma luz intermitente brilhava na sala e atraiu-o para lá. A mesa da sala estava cheia de iguarias. Havia imens

Muito belle

-Oui meus senhores, je sui une mademoiselle muito belle! -Oh Mon Dieu como je sui belle! Vangloriava-se uma courgette na horta da Dona Alice. -Sou três joly! Não sou como as outras que aqui habitam, gordas e anafadas! Ao ter esta atitude a courgette não era bem vista no meio das abóboras-menina gordas e anafadas. -Não preciso de vocês! Não me falam porque sou demasiado belle e esbelta. As outras abóboras juntavam-se para conversar e conviver umas com as outras e ignoravam-na. -Já viram a courgette? Não aguento mais a vaidade dela! Eu não falo para ela! -Eu também não! -Estás a brincar, certo? Eu nem a cumprimento! Os dias foram-se passando e a courgette sempre sozinha. Certo dia apareceu uma toupeira. -Olá bom dia! A courgette, espantada por alguém lhe dirigir a palavra. -Olá bon jour! -Ãh? Será que fiz um túnel demasiado comprido e fui parar ao estrangeiro? Bolas! Eu sabia que deveria usar um mapa e uma bússola! Bem me avisava o meu velho pai! -Não foste não! Eu é que gosto de falar f

Desejo-vos muitas maças azuis

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Há muitos e muitos anos num reino muito distante vivia uma família muito pobre de jardineiros numa casa de pedra e madeira. O José e a Maria. Trabalhavam para um Senhor muito mau que não lhes pagava. Segundo ele, a casa e o quintal minúsculo que eles tinham para plantar algo para comer já era soldo suficiente. Certo dia, o filho do Senhor adoeceu de tristeza. Ficava fechado no quarto e não queria comer. Os seus dias eram passados entre o choro e o olhar para o horizonte, parado. Seu pai estava muito preocupado e mandou chamar todos os curandeiros do reino. O menino tomou banhos de lavagens de plantas e muitas pessoas rezaram ladainhas ao seu leito. A tristeza não o abandonava. O Senhor trouxe todos os brinquedos que havia nas lojas do reino e o menino nem pestanejava. -Não sei o que faça! Ele tem tudo. Roupas, brinquedos! Porque está triste? – Questionava o pai aos sábios que por ali passavam. O menino definhava e a sua preocupação aumentava. Os dias iam passando e restava a visita de

A Bota verdadeiramente de Natal

Aquela tarde era longa e nervosa. A agitação na pequena casa do Pai Natal era enorme. Todos corriam de um lado para o outro com os últimos preparativos. Havia sempre prendas de última hora. A colocação dos brinquedos no trenó começava muito cedo e todos os duendes eram precisos. Antes de partir, o Pai Natal deixava uma das suas botas, junto à lareira, a que todos chamavam Bota Natalícia. Sim, porque o velhote de barbas brancas também recebia prendas no Natal. Os seus desejos eram sempre conhecidos por todos, principalmente pela Fada dos Desejos à qual nada escapava. À Mãe Natal cabia satisfazer o desejo de seu marido e sempre que não sabia o que oferecer visitava a Fada. Este era um desses anos. Após o almoço do dia 24, esperou que todos saíssem de casa para junto do trenó e foi à sala. Junto à árvore de Natal estava uma pequena bola de neve com uma casa de árvore muito pequena lá dentro. Pegou na bola, olhou em volta para ver se não havia ninguém e agitou-a. Depois com muito cuidado p

Rodinhas com histórias

O Sr. João vinha triste da entrega de prendas de Natal para os filhos dos funcionários lá da fábrica. No bolso trazia apenas um único carrinho e em casa tinha dois filhos. Pedir a um pai para optar por um dos filhos é como perguntar com qual das pernas ou dos olhos pretende ficar. A sua dúvida residia se dava um carrinho aos dois ou nem dava sequer. -Maria podes vir comigo ali ao quarto? -A fábrica está com dificuldades e apenas nos deu um carro. Temos que decidir a quem dar ou então não damos. -Que tristeza! Não disseste que tinhas dois filhos? -Disse mas só os chefes é que ficaram com vários brinquedos. Nós apenas tivemos direito a um brinquedo por cada um. -Hum! Então, podíamos fazer um jogo. - Então o que tens em mente? -Eles têm tido dificuldades em português. Vamos pedir-lhes para fazer um texto sobre o Natal. Aquele que fizer um texto com mais palavras leva o carrinho. -Olha, boa ideia! Sempre os obrigava a escrever. Os pais chegaram à sala e mãe disse: -Meninos! Temos um jogo p

Descobri mais um pouco acerca de mim..ou..uma parte

Esta coisa dos signos suscita sempre alguma curiosidade nas pessoas. Todos sabemos qual é o nosso mesmo que não vejamos as várias previsões existentes. Descobri hoje que sou de facto, uma égua com duas cabeças de gémeas. Agora percebo: - Porque penso muito. São dois cérebros, não é? - Gosto de fazer as coisas depressa! Ora as éguas gostam de correr… -Por vezes, não sei bem o que sinto. Faz algum sentido. Duas cabeças a tentar decifrar o que um só coração quer dizer não deve ser fácil… -Quando dou um coice a alguém, uma parte de mim fica com pena e a outra manda repetir:)

Elogiar ou não, eis a questão!

Uma gota de água cruzou-se com um floco de neve, que quando a viu lhe disse: -Tu derretes-me com essas curvas! A gota de água corou com o elogio, aqueceu e evaporou. O floco de neve, triste: -Bolas, se não elogio congelam e ficam gordas se elogio aquecem e evaporam. Vá-se lá perceber as mulheres! :)

As nossas árvores de Natal

-José Maria, não temos iluminação na árvore este ano. Vou decorá-la mas não vamos poder acender as luzes por causa da factura da eletricidade – Dizia sua mãe. A crise apertava na casa do José Maria. O pai havia sido despedido no Verão e ainda não tinha conseguido arranjar mais nada. Viviam do seu subsídio de desemprego que não chegava ao salário mínimo, do ordenado variável da mãe que trabalhava nas limpezas domésticas e da pensão minima de sobrevivência do avô. -Não faz mal! Temos árvores de Natal com luzes vermelhas e brancas na janela! – Afirmou o menino. Sua mãe foi ao quarto da criança e olhou pela janela. Lembrou-se que a Junta de Freguesia poderia iluminado as árvores na rua e que fossem visíveis pela janela. -José! Estás a inventar! Não há árvores na rua iluminadas! Só vejo as que estão junto à estrada e este ano não têm enfeites! A política da autarquia e das Juntas de Freguesia, este ano, foi cortar nos gastos com as decorações de natal. As árvores da rua não foram iluminadas

Parar para ver

Tenho uma filosofia de vida em que acredito que tudo o que acontece à nossa volta e connosco ocorre na altura certa e sempre por um determinado motivo. Não adianta estarmos ansiosos e desejosos por algo. Saber e ter a sensibilidade para “ler” o sentido das coisas é que se torna mais difícil. É preciso tempo para dedicarmos aos porquês. Hoje em dia, queremos soluções rápidas e não conseguimos parar para pensar. Digam-me qual foi a última vez em que acordaram num dia de fim de semana, sem planos predefinidos e não disseram para vós mesmos: “O que eu vou fazer hoje?”. A preocupação de “O que fazer” impede-nos de “Ser” apenas por “Ser” e de dar espaço ao “Aconteceu apenas porque sim”.

Frases duplas

“-Vou apagar o computador” Bem, o computador desliga-se. Apagar implicaria ter uma borracha que apaga-se objectos 3D que, se calhar existe mas eu não conheço. “-Vou fazer a árvore de Natal” Aqui queria dizer que, no mínimo fossemos todos Deuses ou a mãe natureza, consoante as convicções religiosas se a árvore for natural, artesãos se for de plástico. Diria decorar a árvore. “-Vou fazer ponte” Não vão, não! Iam! As pontes agora nem na construção civil que está em crise. Bem que, sempre achei ridículo a expressão “fazer pontes” quando se junta um feriado a um fim de semana através de um dia de férias. Pensava que só os arquitetos ou engenheiros faziam pontes. Eu diria “juntar dias de ausência” ou “saltar um dia de trabalho”. “-Vou apanhar o comboio, o autocarro, o táxi ou o barco!” Aqui, confesso que ficaria com dúvidas. Dizer “Tomar um comboio” faz-me lembrar beber um comboio como medicamento para a gripe. É capaz de não fazer bem! Entre “tomar” ou “apanhar” que, sugere “correr atrás de

Alguém tem o numero da crise?

Gostava de saber aonde está a Crise. Alguém a viu? Eu acho que ela se escondeu nalgum canto. Este fim-de-semana resolvi procura-la. Sábado de manhã, fui comprar o pão, passei em frente a uma pastelaria e pensei: Será que ela gosta de bolos? Entrei e o balcão estava cheio de pessoas a tomar o pequeno-almoço. Nas mesas não havia lugares. Bem, ali também não estava. À tarde, tentei acha-la num Centro Comercial. Foi uma tarefa complicada, confesso. Havia muita gente, carregada com sacos a entrar e a sair das lojas. Resolvi ligar-lhe para o telemóvel mas não tinha o número. Então pensei ir às lojas das operadoras perguntar se o número dela não era anónimo e se se encontrava entre as suas listas de clientes. Entrei numa loja e tirei a senha de “Apoio ao Cliente”. Tinha 30 pessoas à minha frente. Passados alguns momentos, reparei que o número não mudava no ecrã. Apenas o das “Vendas” corria a toda a velocidade. Fiquei cansada de esperar. Fui a outra operadora e encontrei o mesmo cenário. Conc

Os melhores...

-Sou o animal mais forte do prédio! – Gritava um ácaro, na reunião de condomínio, de um prédio algures na cidade de Lisboa. -Olhem-me estes músculos! – Vangloriava-se. Uma aranha que, morava debaixo das caixas de correio, ficou intrigada e resolveu perguntar. -Olhe lá! Desculpe incomodá-lo mas porque se afirma como o mais forte prédio! -É claro! Ainda tem alguma dúvida, vizinha? Eu moro debaixo do tapete da entrada do prédio. Todos passam por cima de mim e eu resisto sempre! A aranha esfregou as patas dianteiras e resolveu admitir: -Pois, se calhar é o mais forte! -Vá meus senhores! Estamos aqui para resolver os assuntos pendentes em ata! – Afirmava mosca, administradora do condomínio. -Desculpem, mas preciso de interromper! O ácaro poderá ser o mais forte mas eu sou o mais rápido. Todos conhecem a velocidade dos meus voos- Afirmava a melga, sempre intrometida e nunca sem resposta. -Vá lá! Todos sabemos a profissões dos senhores e as vossas capacidades! Temos que discutir o local de es

Casa esburacada

-Vrum! Vrum! Yuppie aqui vou eu! Uma pedra, não um buraco! Sopra, sopra, sopra senão vou cair em cima da vizinha! – Dizia uma folha enquanto voava da estrada para o passeio e vice-versa. Os carros passavam e faziam-na saltar de sítio em sítio. O seu dia era assim passado. Considerava-se uma viajante. -Vrum! Vrum! Entre pedras eu ando e de buracos eu fujo. O trânsito estava agitado nesse dia e quanto mais carros mais a folha saltava a voava. Certa altura foi parar a um lugar de estacionamento vazio. Uma mota aproximou-se e parou nesse lugar. Quase que a pisava. Foi por um triz. Naqueles dias de Outono o tempo era instável e o céu ameaçou chover. As primeiras gotas começaram a cair. O dono da mota, receoso resolveu sair a correr. O vento que fez foi tanto ao sair que a folha saltou só que desta vez não foi para outra pedra ou para outro buraco. -Está escuro aqui! – Gritava a folha. Habituada à liberdade das pedras e dos buracos da rua não sabia aonde estava. Ao longe apenas se ouvia o ba

O meu pequeno almoço!

Acordo com as canções das crianças que passam, de mão dada com os adultos, a caminho da escola. Não preciso de despertador. Os seus sorrisos são a minha música matinal. As noites já são frias. Os cobertores que tenho são insuficientes. Preciso arranjar mais. O passar das crianças é sinal que tenho que me levantar e arrumar o quarto. Não gosto de ter as coisas desarrumadas. Pode aparecer alguém para me visitar e dá mau aspecto ter a cama desfeita. O que será o meu pequeno-almoço? Ainda tenho algumas moedas no bolso. Vou comprar um pão. Entro na padaria e uma senhora arruma a prateleira dos bolos. Há tanto tempo que não como um. Na ceia de Natal, talvez. -Bom dia! Quero uma carcaça! A senhora olha de lado e continua a arrumar os bolos. -Desculpe, minha senhora! Bom dia! Quero uma carcaça, por favor! O silêncio mantem-se apenas perturbado pelo barulho da colocação dos tabuleiros das bolas de Berlim e dos pastéis de nata. Será que não ouve? -Minha senhora! Quero uma carcaça! A senhora, fin

Seis anos!

Foi num feriado num dia muito cinzento, há seis anos atrás, que a aventura deste blog começou. Primeiro vieram as frases tristes. Depois as fotos criativas e sempre com um cunho pessoal da autora. Seguidamente as misturas dos dois. Recentemente veio a prosa, as histórias infantis, juvenis e adultas. O Diário teve um filho, o Bicho d` Contar. Os visitantes, esses foram e vieram. Quando comecei os blogs eram moda. Depois veio o facebook, o twitter e caíram em desuso. O país infelizmente não gosta muito de escrever e de ler. Não faz mal. A mim faz-me bem a alma e escreverei páginas neste diário, de um anjo que adora voar dentro da sua própria imaginação, sempre que me for possível. Obrigado aos visitantes que um dia aqui vieram, observaram, leram e quiseram ou não deixar o seu parecer!