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A mostrar mensagens de maio, 2011

Os delírios do Negro

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imagem: net -Esta era mesmo gorda e deliciosa! Olha aquela bem vermelhinha! – Comentava consigo mesmo, Negro, o melro, enquanto comia cerejas. Nesta altura do ano não havia falta de comida. Tinham amadurecido as cerejas, já se apanhava ali e acolá uns figos e os alperces estavam também a surgir. Adicionalmente, havia muitas lagartas gorduchas, nalgumas peças de fruta. Negro andava bem barrigudo e todos os dias era um festim. -Já começo a enjoar-me de cerejas! Sabes o que me apetecia? – Desabafou com um amigo, o Pardas, o pardal. -O quê? -Umas uvas bem maduras! -Uii, isso não há agora! Há tanta fruta nesta altura! -Sim, mas era o que me apetecia! Vou esperar que venham! -Estás a brincar, certo? -Não, já estou farto desta fruta! Vou deixar de comer até virem as uvas! Negro, deixou de comer. Andou assim dois dias seguidos. Ao terceiro dia, a fome apertava. -Olá Negro! Já viste os damascos? -Já te disse que não como até virem as uvas! No final do quarto dia, Negro começou a delirar e ao ol

A chegada do Representante, a Cavacas

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Rosabolas, o porquinho, ganhou coragem depois de ter salvado o seu amigo, Colha-Colha e as suas aventuras ficaram cada vez mais elaboradas. A sua imaginação foi crescendo à medida que ele crescia. Foi criando na sua mente personagens, fantasiosas que viviam num mundo que ele pensava existir. Eram os seus amigos de aventuras. Num reino, muito mas muito distante, há muito, muito tempo, havia uma cidade muito especial em que todos falavam: os animais, as pedras e árvores. Um certo dia, o Presidente da Câmara, o Sr. Flufy, o cordeiro, convocou algumas pessoas da aldeia, pela sua sapiência, para procurar solução para um problema muito grave. Os assessores, a Ticha, a lagartixa e o Saltita, o gafanhoto convocaram: -o Professor Tomé, o esquilo, pela sua sabedoria; -o Comissário de Policia, o Trix, o corvo e a sua agente, Mu, a vaquinha, especialista em Trânsito; -o Topas, coelho e o único médico na aldeia, aliás diploma tirado recentemente, uma vez que começou por ser oftalmologista para a po

Freddy, o dançarino

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imagem: net Tap! Tap! Click! Clack! Ouvia-se de longe o barulho de Freddy, o coelho dançarino de Hip Hop, a treinar no quintal. Andava sempre vestido com umas calças largas, uma t-shirt rasgada e uns ténis brancos já muito desgastados de tanto dançar. Seu irmão, Skinny, andava sempre a criticá-lo: -Se em vez de andares por ai a andares de cabeça para baixo, a rodar e a fazer piões, deverias era usar o cérebro para melhorares as notas. – Alertava Skinny, o marrão da família. Skinny era o filho perfeito. Tinha sempre excelentes notas. O seu traje preferido era o do colégio. Aliás, acho que nunca ninguém o via vestido com calças de ganga, a não ser nas férias. Os resultados escolares dos dois irmãos eram claramente diferentes, como seria de esperar. Os pais, tinham o Skinny como o preferido e o Freddy como a ovelha negra. Esta situação não preocupava o nosso dançarino. Sempre que ouvia Hip-Hop, era como se noutro mundo entrasse. -Freddy, vem almoçar! – Ouvia-se a sua mãe, a gritar da jan

Saltita, o nunca satisfeito

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Imagem: net Aqui e ali o Saltita o gafanhoto verde, andava pelos campos . Vivia de folha em folha e de pedra em pedra. Nunca estava mais que uns segundos num único sítio, mesmo quando precisava de comer. -Aqui! Não, ali! Acolá! - dizia. Os outros animais do campo diziam que ele nunca sabia o que queria. Um dia, encontrou o Lesminhas, uma caracoleta gigante que andava vagarosamente numa couve a comer o seu almoço. -Olá Lesminhas! Aquela couve de onde vim parecia mais verdejante e apetitosa. -A couve com o caule torto? -Ãhh! Torta! Ah sim torta! -Já lá estive ontem. Não vês as folhas da parte debaixo. Deixei as minhas marcas. Saltita, parte para outra folha. -Demoraste um dia aqui chegar? -Sim, não te esqueças que trago a minha casa às costas! -E tu? Porque não estás quieto muito tempo? És nervoso? -Não sei, não consigo estar parado! Aborreço-me! -Humm, entendo. Nham...nham...- respondeu a Lesminha enquanto dava uma dentadinha na couve. -Olha! Viste as alfaces frondosas roxas? -Ãhh. Al

Cheirinho a Clarim

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Imagem : net Todos os dias Dona Rosa, já reformada, saía por volta das 10h, para fazer as suas compras no supermercado da rua. Com cabelo branco arranjado, roupa fresca, a cheirar a sabão Clarim, seguia de saquinho na mão. O Sr. José, seu vizinho da frente, estava sempre a essa hora, à janela para a cumprimentar. Esta rotina era repetida há mais de 10 anos. Desde que Dona Rosa ficou viúva. Sr. José nunca casou. Viveu a vida dedicada ao seu trabalho. Os horários da pesca não lhe permitiram assentar, e, agora, já com 70 anos quase feitos e com as doenças próprias da idade restava-lhe o Pitufas, seu gato para fazer companhia. -Bom dia, Dona Rosa! Bons olhos a vejam! -Sr. José, bom dia! Esta era a conversa de dois vizinhos. As primeiras palavras que cada um exprimia todos os dias. Ele tinha sentimentos por ela mas nunca conseguiu demonstrá-los. Ela, vivia agarrada ao respeito pelo passado e obrigava-se a viver acompanhada pela solidão. No dia do seu septuagésimo aniversário Sr. José resol

Espo e Lhelas, uma vida de sobe e desce

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imagem: net Esta é a história da nossa vida. Somos um casal de espelhos dos elevadores de um prédio em Lisboa. Eu estou colocado em cima e a minha mulher na parte de baixo de uma das paredes do ascensor. O nosso trabalho é dar reflexo, há mais de 20 anos, aos residentes. Chamo-me Espo e a minha mulher Lhelas. Trabalhamos muito mas é extremamente interessante. -Espo, pára lá com isso! Tens tempo para escrever as nossas memórias à noite! Vem lá o vizinho do segundo direito, o esgrouviado! Subiram até ao segundo piso e lá estava o Tóni. Grande personagem. Faz sempre a viagem toda a compor o cabelinho cheio de gel e a ajeitar o bigode. De vez em quando, também palita os dentes com a unha do dedo mindinho. É um autêntico galã. Vive a fazer-se à Vanessa, a estudante universitária do terceiro esquerdo. -Olha que bela gravata! Branca às bolas vermelhas, acompanhada de camisa encarnada. Tudo isto com um fato branco e ténis All Stars, também branco mas com uma ligeira risquinha vermelha. Se a D

O mar de imaginação da Mariana

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imagem: net Mariana tinha acordado muito aborrecida. Ser filha única nas férias de Verão era uma chatice. Todos os amigos tinham ido para fora: uns para a praia e outros para o campo. O emprego de seu pai não o permitia ir de férias em Agosto, quando todos iam. Logo, tinha que se ocupar. Estes dias de calor e sem objectivos acabavam por originar as condições ideais para criar. Sua mãe, já sabia. Quando Mariana passava horas, no quarto, sozinha, entretida algo sairia de inesperado. Deitada em cima da cama, olhando para o tecto, a recordar o sábado de praia que havia passado, teve uma ideia. Porque não fazer um quadro com as conchas que apanhou. Assim sendo, primeiro, com um lápis de carvão desenhou, numa folha A3, os contornos de várias flores. Depois, pegou no tubo de cola e começou a colar as conchas de forma ordenada até preencher os espaços assinalados. Faltavam as folhas. Olhou pela janela e viu uma árvore com folhas secas. Correu para junto de sua mãe e perguntou se poderia sair

Não consigo comentar Blogues, ai!!!!

O Brinquedo de Tuca

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imagem: net - Humm! Aqui! Olha acolá! – Andava o Troti, de peito cheio e emproado a comer migalhas junto à porta da padaria da Av. da Igreja em Alvalade. Sossegado e a coxear, o Tuca, andava aos círculos em volta de si mesmo. Não podia andar muito, logo restringiu a sua busca àquele pedacinho de passeio. -Estou farto de comer! Olha ali, outra! – Gabava-se Troti. Tuca contentava-se com o pequeno espaço. Olhando muito bem o chão aonde pisava. De repente, olhou e viu algo brilhante, mesmo por baixo das patas de Troti que, com a agitação, não viu. Deu uma bicada! Tinha achado um brinquedo. Olhou para o amigo e, com medo que este lho roubasse, agarrou-o e levantou voo. Tinha comido o suficiente para o resto do dia. Além disso, o entusiasmo por ter um brinquedo novo tirou-lhe o apetite. Troti, quando olhou à sua volta. Estava sozinho. -O coxo já se foi embora! Olha mais sobra! No final do dia, no telhado do prédio da Av. de Roma aonde dormiam os dois. Troti, rebolava-se no ninho, mal dispos

Lei da sobrevivência

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imagem: net Um burro, um cavalo e uma mula resolveram fazer uma corrida: -Sou veloz e o mais forte! Vou ganhar-vos de certeza. Ainda por cima, sou puro-sangue! A vitória corre-me nas veias – Gabou-se o cavalo. -Podes ser de famílias nobres e ter bom porte mas eu sou a mais determinada! Quando meto uma coisa na cabeça não desisto até a conseguir! – Referiu a mula. A corrida começou. Consistia em chegar ao estábulo o mais depressa possível! Correram, correram e correram. O cavalo ia à frente, cheio de orgulho, seguido da mula que já deitava espuma pela boca, de tanto esforço. Quando pensava que a corrida estava ganha e avistou a porta do estábulo, o burro já lá estava! - Não te vi mais! Como chegaste aqui? -Bem, eu pensei! Não tenho a tua velocidade nem a determinação da mula logo tive que fazer alguma coisa! Fingi-me doente e o agricultor trouxe-me no camião para eu descansar! É uma grande lição de vida: a lei da sobrevivência! Cada um tem as suas capacidades!

Cheiro a fruta

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imagem: net Aquele Verão estava a ser um dos mais quentes de sempre. Não havia água em lado nenhum. As poças tinham secado e os rios pareciam autênticos desertos. -Pai, tenho sede! – Dizia o pequeno Tuchi, um ratinho do campo. -Tem calma, vou tentar procurar algo para beber junto das tocas dos humanos. Seu pai era completamente contra a procura de comida junto dos homens. Circulavam histórias arrepiantes de homicídios e torturas com ratoeiras. Contudo, a emergência o obrigava a tomar esse passo. Resolveu arriscar e entrar numa arrecadação. Estava escuro, a diversidade de odores e texturas era completamente nova para si. Num canto encontrou maças e não resistiu em dar uma dentadinha numa. Dentro de um saco, numa bancada um saco com figos secos. Devorou dois. Com a barriga cheia e muito cansado, já se arrastava. Ao lado dos figos, encontrava-se uma caixa de cartão. O seu olfacto apenas lhe dizia isso. Não conseguia distinguir mais nada. Os ratos são fãs de cartão e tecido. Não resistem.

Pedritas

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Aquela montanha era repleta de pedras enormes e imponentes. Uma dessas pedras era o Calhau, um enorme mineral, quase em forma de uma grande bola. Quase, porque colado a si vivia o Pedritas. -Pai, nós somos pedras, logo nunca mudamos de sítio e de forma, não é? -Meu pequeno, não é bem assim. Senão não existias. Tu dantes fazias parte de mim. Há muitos milhares de anos atrás. -Sim, pai. Já me tinhas contado! Que um dia acordaste e eu estava aqui teu lado. Mas agora vamos viver juntos para sempre! -Não digas sempre, nem nunca,Pedritas. Essas palavras raramente poderão ser aplicadas, mesmo para nós! -Ohh, lá estás tu com esses enigmas! Para mim vou estar aqui para sempre. Este cantinho é-me familiar e porque irei mudar? Pedritas, foi dormir. Aproximava-se uma enorme tempestade e ao longe ouvia-se já, indícios de uma trovoada. Não houve memória de uma noite assim: árvores ardidas com trovões e rios com seus leitos transbordados. Pedritas acordou: -Pai, pai! Onde estás? -Gritou aflito! Não o

O Rosabolas

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imagem: net O Rosabolas, era um porquinho ainda pequenino, muito protegido pelos pais. Sempre que, via alguém estranho na pocilga fugia para debaixo da barriga da mãe. Vivia agarrado ao Colha-Colha, um ursinho, já velho e muito sujo. Adorava aquele peluche. Jamais o largava por motivo nenhum. A super-protecção dos pais, tornou-o num leitãozinho muito medroso. Antes de fazer alguma coisa perguntava sempre aos pais se o podia fazer: -Mãe, posso comer? – Perguntava sempre que a comida era colocada pelo agricultor. -Podes, Rosabolas! Não precisas de perguntar se podes comer! Não valia a pena. Ele perguntava sempre. Um dia, o agricultor resolveu limpar a pocilga e retirou todos os porcos grandes cá para fora, excepto o nosso pequeno Rosabolas. Não era preciso, porque era muito pequenino. O leitãozinho, nunca tinha estado sem sua mãe: -Rosabolas, temos que ir lá para fora! Fica aqui ao pé da comida e não saias daqui! -Mãe, tenho medo de ficar sozinho! -Não tenhas. O agricultor vai só limpar

O Gotinha

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Imagem: net O Gotinha vivia muito feliz no manto fofo e branco de sua mãe, a nuvem Elefanta. Chamavam-na assim porque ela tinha mesmo a forma de um elefante branco. Foi a Águia, sua amiga que a baptizou. A nuvem viajou dias e dias pelos Oceanos e estava a mudar de cor. Ficando cada vez mais escura. Gotinha estava muito feliz. Tinha cada vez mais irmãos para brincar. Contudo, um dia, a mãe Elefanta: - Filhos, estou muito cansada e vocês vão ter que fazer uma grande viagem até à Terra. Olhem todos para baixo, com muito cuidado! Assim o fizeram e o Gotinha, mais espevitado: -É tão longe! Tenho medo da descida e de tudo o que possa acontecer lá em baixo! Vamos todos juntos? Vou ficar sozinho? -Gotinha! Não vão descer todos juntos mas, não fiquem tristes porque vocês vão ter um papel muito importante! -Qual é? – Exclamou. - Vão dar de beber a todos os seres vivos da Terra. São vocês que vão permitir que continuem a viver. A amiga Águia, que sobrevoava o céu, nesse momento, aproximou-se: -D

As sombras de Tomé

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imagem: net Aquele Consultório Veterinário tinha muitos clientes com o mesmo problema. O Doutor não percebia muito bem porquê. Deduzia que era daquelas coisas sem explicação. De facto, a maioria dos animais que lá iam, levados pelos seus donos, tinham medo das sombras. Ainda no dia anterior, um cão tinha sido consultado, porque passava o tempo todo a correr atrás do rabo, quando se via à sombra. Não ficou espantado quando a Dona Felismina levou o seu gato para ser analisado: -Sr. Doutor, não sei o que se passa com o meu bichano. Tem um comportamento estranho! Quando toma consciência da sua própria sombra, enriça-se e foge. Um vizinho meu, recomendou-me o seu consultório. - Pois, os animais não têm consciência da sua própria existência – Afirmou o Veterinário. - Olá! Olá! Todos iguais – Palrou um papagaio, habitante daquele consultório. -Que lindo animal! – Referiu Felismina. -É sim Sr. É o meu companheiro de trabalho, o Tomé. Enquanto falavam, o médico analisava o comportamento do gat

A crise do Pombo

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- Já não sei, aonde cortar mais nas minhas despesas! – Comentava António com João, naquela esplanada, à hora de almoço. -A crise afecta a todos, amigo! Já deixei todos os gastos supérfluos: os jantares com os amigos, as idas ao cinema, o ginásio. Enfim, agora, ganho apenas para sobreviver – Retorquiu João. O calor daquela tarde de Primavera, retirava o apetite e convidava sim a bebidas frescas. -Estou sem apetite! Este calor! -Eu também! Os pratos com os bitoques ficaram a meio. No final da refeição, assustaram-se com o bater de umas asas: -Que bom, já a algum tempo que não comia batatas fritas ainda mornas! Os dois amigos olharam um para o outro e não queriam acreditar no que acabaram de assistir. Um pombo falante: -Humm! Nhami e ainda há pão com restos de ovo – continuava o pombo, enquanto atacava os restos dos pratos dos dois amigos. -Tenho que fazer dieta! Senão a Geraldina, dá-me cabo da cabeça! Estes pratos andam cada vez mais cheios e apetitosos! É dificílimo resistir! – Suspir

Colas, o automobilista

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imagem: net Colas, o caracol aventureiro, sonhava andar de carro. Ficava horas nos arbustos junto a um parque de estacionamento, a olhar atentamente para os automóveis. Imaginava-se colado nos vidros com os corninhos ao vento. Nunca tinha tido coragem para subir a um carro. Era um grande percurso e podia ser perigoso. Já sabia que não podia estar nas rodas durante muito tempo porque podia ser esmagado. O ideal era optar por um que tivesse parado durante algum tempo. Andou várias semanas a controlar os vários carros, os hábitos dos condutores e um dia escolheu um. Preparou toda a caminhada e decidiu partir. A sua família ficou preocupadíssima: -És doido, nós somos caracóis e as ervas são a nossa casa. Aprendemos a vida toda sobre quais são os melhores esconderijos e os melhores manjares de verduras. Isso são coisas dos humanos. Colas, não quis saber e ao anoitecer partiu. Quando chegou às rodas, ouviu: -Quem tenta na minha casa entrar sem a mim se apresentar? Colas, estremeceu, nunca c

Mu, a escola de aviação

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Imagem: net A Primavera já se fazia sentir, no prado, pintando de amarelo, com suas azedas e de verde, o manto, que à poucas semanas se vestira de castanho. Mu , descansava num canto, à sombra de um carvalho. A vaquinha malhada de preto e branco, era gozada pelas suas companheiras de pasto, todas bem castanhas. Não se importava com o que diziam, era muito meiga e pachorrenta. Nesse primeiro dia de calor, as moscas regressaram depois de vários meses, sabe-se lá de aonde. Todos estes insectos adoravam as manchas pretas da Mu. -Ah! Ah! Ah! É mesmo tonta a vaca tresmalhada, nem as moscas sacode! – Gozava uma das colegas de pasto. Mas Mu estava calminha e com um sorriso de fazer inveja. -Ainda por cima fica feliz! É mesmo parva! – Retorquia outra. O que ninguém sabia era que Mu conseguia ouvir as moscas e elas eram suas amigas. Na Primavera anterior, exactamente no mesmo sítio, Mu ouviu: -Mais para a direita! Agora para a esquerda! Trava, trava! Olhou para as suas colegas e todas dormitava

Boato

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imagem: net António, tinha passado o dia todo a sachar o milho. A hora do jogo da Selecção aproximava-se e decidiu regressar a casa. Quando chegou ao caminho, vindo dos seus terrenos encontrou a Dona Cecilia. -António, boa tarde. Já soubeste da novidade? -Não, que se passou? - A Lúcia, tua vizinha da frente, partiu uma perna ao descer as escadas! António, ficou preocupadíssimo, pois já eram amigos desde pequenos. -Aonde está ela? -Está em casa acamada! Resolveu então, apressar o passo. Uns metros mais a frente, já junto da povoação. O velho Tomé, encontrava-se na sua varanda, sentado a observar quem passa. -António, António! Já sabes o que aconteceu? Exclamou o idoso. -Sei que Lúcia caiu e partiu uma perna. -Foi um autêntico desastre! E o braço ao peito com que ficou! A comadre não vai poder fazer nada durante uns belos meses. Esta era nova. Pelos vistos a coisa era grave. A sua vizinha estava mesmo acidentada. Apressou ainda mais o passo. A meio da vila, duas senhoras, conviviam ao pé

A infância dos anos 80...

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Muito nervoso e quase sem pensar. O Estrunfe batia à porta do Monstro das Bolachas. -Monstro das Bolachas tens que me ajudar! A Estrunfina desapareceu. Foi visitar a Abelha Maia e ainda não voltou. Está quase a anoitecer!!! -Então, vamos à procura dela! Vou só ali à cozinha buscar umas bolachinhas para a viagem. -Não percebo como pensas em comida numa altura destas! -Sabes que não consigo pensar sem bolachinhas! São tão apetitosas! E lá partiram, pela floresta em direcção à casa da Abelha Maia. Andaram, andaram, andaram e de repente ouviram: -Olha os azulinhos, tontos e gordinhos! Sou o Papão e vou fazer um jantarinho! Os amigos olharam um para o outro, assustados e apavorados e a voz continuou. -Vou comer o do chapéu à entrada e o mais gordo como prato principal! O Estrunfe olhou para o Monstro das Bolachas e sem falarem, começaram a correr o mais que puderam, um atrás do outro, até que chegaram ao rio. Ai a voz continuou: -Se quiserem banho tomar,mais limpinhos eu vou papar! O Monstr

Caocha, a sandborder

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Imagem: CM Aljezur Caocha, era uma carocha das dunas de Aljezur. Vivia a patrulhar as praias, à procura de restos de comida ou ervinha para comer. Chamavam-na Caocha porque, ela não conseguia pronunciar os “R´s”. Tinha uma linguagem engraçada. Quando era criança ainda se preocupava com os comentários maldosos mas agora já tinha ultrapassado o trauma e até se ria com o facto. Adorava escorregar naquelas dunas, quase até á água. O seu limite era as margens húmidas do rio. Nunca ultrapassava essa barreira. Ai, viviam os seus vizinhos caranguejos. O acordo existente entre os dois povos residia no pavor que as carochas tinham da água e na necessidade que os caranguejos têm de esconder na areia molhada, quando se sentem ameaçados. -Yupiie, vruummmmmmm- fazia Caocha enquanto escorregava por ali abaixo. -Ai, ai! – alguém gemeu. Caocha, travou a fundo e olhou para todos os lados. Não viu ninguém. -Quem fala? A areia mexeu-se, algures no rasto que havia deixado, e da pequena montanha saiu o Jeja

O ego do Pastel de Nata

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imagem: net O Pastel de Nata sentia-se muito aborrecido. Farto da pastelaria do costume e dos hábitos de sempre. Saturado da rotina do "café e pastel de nata". Sentia-se muito deprimido e achava todos os outros, seus companheiros de prateleira, muito superiores. "Le Croissant", tinha uma vida muito variada, saía quase a todas as refeições. Umas vezes era servido com manteiga, outras com doce de ovos, outras com fiambre e algumas vezes apenas simples. Aquecido ou frio, era muito apetecido. Até com chocolate, ele era recheado. Outro seu vizinho, "The Scone", esse era muito fino. Só ao lanche era servido mas também sempre acompanhado com doce, manteiga ou simples. Recentemente, tinha chegado o bombástico "The Cup Cake". Esse era o maior. Vinha com todos os recheios e mais alguns, muito colorido e extremamente doce. Cada vez mais cabisbaixo, um dia resolveu não aparecer na pastelaria. Pensou, porquê ir se os meus companheiros de prateleira são muito

Topas, o oftalmologista

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imagem: net Topas, era um coelho, que se tornou-se famoso depois da descoberta de uma especíe de óculos com lentes que permitiam ver no escuro e melhoravam a visão. Encontrou um cristal plano numa toca, junto a uma mina abandonada pelos humanos que tinha essa capacidade. Todas as toupeiras que ainda possuíam alguma visão passaram a tê-la bastante melhorada e passaram a ser os seus principais clientes. Em troca dos seus serviços, apanhavam comida para a família do coelho. Sua família, entretanto, deixou de procurar comida passando a viver à custa da descoberta de Topas. O excesso de comida era enorme e numa noite a família reuniu-se, pois tinha que ser tomada uma decisão: -O que vamos fazer a tanta comida? É um desperdicio!- falou o avô coelho. -Eu acho que devíamos usar uma parte para trocar por uma casa maior. E com uma casa maior já se vai poder armazenar o resto. A que se estragar, deita-se fora. Não volto a trabalhar, adoro esta vida!- sugeriu a sua irmã, ambiciosa e preguiçosa. -