De olhos esbugalhados e unhas quase de fora, observava através da janela, os pombos a comerem migalhas de pão que, alguém havia atirado à rua. -Ai que gordos! Espetava a minhas unhas naqueles lombos e nem sobravam penas! Um pombo mais atrevido resolveu pousar no parapeito da janela. -Estás-me a provocar! Se não fosse esta parede transparente! - Referiu o gato Bogas, levantando a pata e arranhando o vidro. Do outro lado, a ave, apercebendo-se da sua segurança, encheu o peito de ar, sacudiu as penas, anichou-se mesmo virado para o Bogas. Estava com ar de gozo. O gato, enervado, arrepiou o pêlo. -Sou gorducho e anafado, apetitoso e danado. Deste gato não serei fado, porque preso, vive fechado! As janelas não isolavam bem o som para dentro da casa e Bogas, eriçava-se cada vez mais. A ira foi tanta que se desequilibrou e caiu. Amuado com a história, resolveu acomodar-se na alcofa. O pombo, insatisfeito com o desprezo aproximou-se ainda mais do vidro para ver o que tinha acontecido. O Bogas,