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A mostrar mensagens de novembro, 2009

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Foto: goodcomics.comicbookresources.com/.../ A vista de aqui de cima é fantástica e nos dias em que o tempo permite planar é melhor ainda. Consigo encontrar comida e brinquedos com o mínimo de esforço. A minha colecção de coisas giras e as conversas com os vizinhos são os meus passatempos preferidos. Não consigo resistir ao brilho de um objecto nem a uma novidade bem interessante. Sempre que posso, paro numa árvore ou até mesmo no chão e converso um pouco. É assim que aguento as dezenas de anos que pesam nas asas deste velho corvo. Ainda me lembro de quem traiu as avós e quem roubou os pais da vizinhança. Esta minha curiosidade pelas novidades da vida alheia não me permite guardar segredos. As penas fazem-me cócegas quando alguém me diz: “ Não contes a ninguém!”. Não é por isso que não tenho amigos. Quem não quer que se saiba não conta. Aprendi esta lição no ano passado com a galinha preta: um dia ela contou-me que desconfiava que a pata branca andava metida com o galo porque, aparecer

O meu amigo "Xixas"

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Foto: net A rotina era sempre a mesma: o agricultor acordava com o som do galo da quinta, após um rápido pequeno-almoço, seguia em direcção ao estábulo para alimentar uns animais e levar outros até ao pasto. Contudo naquele dia, algo de novo aconteceu: enquanto pastava senti algo a mexer nos arbustos. Primeiro pensei que seria o vento ou até o meu amigo rato do campo que nos costumava visitar mas, o ruído continuava e ninguém aparecia. Os pêlos da minha crina começaram a arrepiar-se de receio. Pensei: -O que será de mim, sozinho neste terreno. O meu dono só regressará quando o Sol se esconder atrás do monte… O som repetia-se e o medo fez-me lembrar uma conversa que tive há uns anoscom o meu pai: - Filho, nunca te aproximes dos arbustos no Verão. Existe um grande inimigo: a cobra. - Pai, o que é uma cobra? - É um gigante, com uma língua venenosa que quando pica as nossas patas, adormecemos para sempre. Nunca percebi o que era adormecer para sempre até ao dia em que o meu pai desapareceu

Vida de ouriço

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O vento soprava do alto da montanha naquela manhã fria de Outono. A temperatura tinha baixado desde as chuvas fortes da semana passada. Vieram tardias as águas este ano para resolver o sufoco da secura do aquecimento global. No topo de um castanheiro, tentando manter-se seguro, um ouriço acordava com mais uma dúvida típica da sua inocência juvenil. No vale, os grandes sábios adquirem a sua sapiência com a vida. A maturidade é atingida por volta do primeiro século por isso são eles que satisfazem a curiosidade dos mais pequenos. -Pai, dói-me o caule do esforço. O vento abana-me com tanta força, acho que não vou conseguir aguentar e vou cair…Será que vou morrer? O erudito castanheiro, esticando os seus envelhecidos galhos, respondeu: -A morte para nós não existe, meu pequeno. Vais cair e adormecer entre minhas folhas. Entretanto, uma forte rajada de vento estremece o tronco e faz cair o ouriço. A queda foi intensa e a dor tremenda. O pequeno sentiu a pele a estalar e alguns dos seus pico