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A mostrar mensagens de julho, 2011

Doce Passado

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Devagar e sem pressa de chegar a lado nenhum, António, descia as escadas. Eram 9h30, altura do dia em que vinha para o parque ver quem passa. O médico tinha lhe indicado caminhadas e era o que ele tentava fazer. Dava duas ou três voltas ao espaço todos os dias. Tudo dependia da força das suas pernas cansadas de 80 anos de muito trabalho. António, foi pasteleiro a vida toda. Acordava de madrugada todos os dias para fazer os bolos que, deliciavam a Pastelaria Pão Quente lá do bairro. -Ohh, vizinho! Nunca mais comi uns croissants quentes,tão deliciosos quanto os que você fazia. Os tempos são outros! E de facto, era verdade. Os hábitos mudaram e a pastelaria continuava a vender bolos mas já não os fabricava. Chegavam todos os dias numa carrinha vindos sabe-se lá de onde. Provavelmente feitos de forma mecanizada numa fábrica algures. Os descendentes do dono da Pão Quente, tentaram durante vários meses, procurar um pasteleiro, após a reforma de António, mas sem sucesso. Os mais novos não que

Existe sempre um veludo para cada espinho

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O Amor Prefeito e o Malmequer resolveram ir ao programa da Tulipa Pinheiro, que visava resolver os problemas sentimentais do público, aumentando as audiências através do seu coração. -Sr. Malmequer o que o traz por cá? – Questionava Tulipa Pinheiro. -Ohh! Dona Tulipa! A minha vida é um Inferno lá em casa! A minha esposa dá-me cabo da cabeça. São discussões de manhã à noite pelo que não fiz e deveria ter feito, pelo que fiz mas mal ou então pelo que deveria ter pensado em fazer e nem reparei. -A sua esposa é um bocado exigente consigo! Isso é de facto um problema! E você Sr. Amor prefeito? O que o fez vir ao nosso programa? -Olhe Senhora Pinheiro! A minha vida conjugal é prefeita! A minha esposa é a mulher ideal. Faz-me tudo, não reclama nem exige. Anda sempre bem composta e bem-disposta! -Então, se tudo é assim tão bom o que o apoquenta? -O tédio, Senhora Tulipa! Não há nenhum desafio, nem uma discussão para depois ter o prazer de fazer as pazes. -Humm, é estranho! Entretanto, tenho aq

Amor Próprio

-Hei lá, giraça! Como te chamas? Não falas? Perguntava Tuco, a uma piriquita que via à sua frente, do outro lado do espelho que tinham colocado na gaiola. -És timida? Deixa linda! Eu gosto de mulheres caladas. E continuava, sem obter resultados. -Mulheres! Só se conquistam com mimos! - Falou para as suas penas, muito baixinho. Saltou do seu poleiro e agarrou-se às grades da gaiola. Junto a estas barreiras de metal, do outro lado, estava uma planta. Sabia que sua humana iria ficar chateada, mas valores mais altos se levantavam. Esticou a sua cabeça por entre os metais e cortou uma flor com o bico. Esvoaçou para o poleiro. -Toma minha linda! Tentou, sem sucesso ,dar-lhe a flor. Algo o impedia. -A tua gaiola é pior que a minha! Não te consigo tocar! -Aceitaste-a! Gostas de mim? Do reflexo apenas viu um acenar de cabeça. -Ai, sou correspondido! Já não estou só! Ela é linda. - Gritou Tuco, aos pulos de alegria. Assim, se criou uma relação separada por uma barreira que não impediu aquele cor

Snufy - Dedicado aos avós

Snufy, andava muito constipado, a passear pela despensa aonde se alimentava, à socapa dos humanos. Enquanto procurava restos de pacotes de bolachas, espirrou. Ao levantar a cabeça reparou num belo queijo em cima de uma prateleira. Era extremamente parecido com a foto que seu avô tinha no seu quarto e com a descrição que ele fazia. Já ninguém guarda o queijo nas arrecadações só no frigorífico a que os ratinhos não têm acesso. Seu avô já não via um queijo desde criança. Descrevia-o com tanto deleite que parecia ser delicioso: amarelo, esburacado e com um cheiro intenso irresistível. No entanto, não era o ele que pensava mas sim, uma esponja amarela de lavar a louça. Snufy, não sentia o cheiro por causa da constipação mas a cor amarela e os buracos fizeram-no acreditar. -O meu avô iria adorar ver de novo! - Pensou. Contudo, para chegar ao “queijo” teria que correr riscos. Estava em cima de uma prateleira. Primeiro resolveu subir para cima de uma saca de batatas mesmo por debaixo do manjar

Macacão Barbado

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Pastilhas gorila De cabeça para baixo, pendurado no tecto da gruta, vivia o Dentinhos, o morcego. O dia era uma seca. Nunca conseguia estar o tempo todo a dormir como os irmãos e primos. O seu sonho era ver o que se passaria lá fora. Ouvia sempre muitos sons novos que entravam pelas várias entradas da gruta, trazidos pelos braços do vento. - O que será que acontece lá fora durante o dia? – Perguntava ao seu melhor amigo, o Orelhas. -Sempre disseram que, durante o dia, fazem-se coisas horríveis. O Macacão Barbado mata, tortura e destrói. Entre os morcegos havia uma lenda que passava de gerações em gerações acerca desta personagem muito feroz. Contavam-se imensas histórias, ao amanhecer, aos pequeninos. Existia, por isso, muito medo de sair da gruta durante o dia. “Come, senão chamo o Macacão Barbado!”. Diziam as mães para incentivar os bebés a mamarem. O medo não afectava a imensa curiosidade do Dentinhos. Numa noite muito quente, não conseguia dormir com o barulho que vinha da entra

A sua vida é única

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imagem: net De olhos fechados, suspirava sempre fundo, antes de cada actuação. A sua filosofia era nunca olhar para baixo e pensar sempre que seguia uma linha escrita no chão. O Visco Elástico, o caracol trapezista e contorcionista era a estrela do circo itinerante. Equilibrar a carapaça em cima de uma corda, esticada a alguns metros de altura, apenas com uma rede de segurança no chão, era um feito único. Não havia nenhum caracol no mundo capaz de fazer aquilo. -Aonde aprendeu a sua arte? – Perguntava no final do espectáculo, a minhoca Pinkoca, a apresentadora do programa “A sua vida é única”. -Aprendi na Horta! -Na Horta? Mas muitos colegas seus também se alimentam em Hortas e não conseguem fazer o que faz! - Exclamou a apresentadora. -Sabe, Pinkoca, enquanto os meus irmãos viviam muito sossegados, a passear de folha em folha para se alimentarem eu sempre gostei dos caules. Quando passava de couve para outra couve tentava sempre o caminho mais difícil, que era passar entre os caule

Bigodes o Garimpeiro

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imagem: net - Ouro e prata procuro, no meio dos mares vasculho! Trauteava o Bigodes, um camarão, ainda jovem, de rocha em rocha. O Bigodes sempre foi muito curioso e aventureiro. Na altura de escolher a profissão, dada fase de crise no Oceano, optou por ser garimpeiro. Viu nas pequenas partículas de metais preciosos a solução para a situação financeira desfavorável lá de casa. Além das pequenas peças naturais, existentes entre as rochas, dedicava-se também ao negócio paralelo, com o seu amigo Patas, o caranguejo: a descoberta de objectos perdidos pelos humanos nas praias. Esta última actividade era muito perigosa, por causa das correntes mas, compensava. As tarefas estavam repartidas: Bigodes usava a sua curiosidade e perspicácia para achar as peças e Patas, toda a sua armadura e força para as carregar até à Gruta do Ventosas, o polvo. Numa das suas procuras pela praia, Bigodes encontrou um cão a nadar pelas ondas com algo brilhante no pescoço. Nunca tinha visto nada assim. O Sol re

Dicionário Alimentar Luso Inglês do Diário (vol. I)

O dicionário que se segue destina-se única exclusivamente ao uso deste blog e foi construído com o objectivo de trazer boa disposição, pelo o que não deverá ser tido para fins académicos e linguísticos:) Face Stick - Carapau; Stake Ana - Bifana; Big Splash Dog - Salpicão; WoodPecker - Pica-pau; Pig from Heaven - Toucinho do Céu; Small friends - Migas; Stake Go Here - Bife de VaCa; French Kiss Grilled - Linguado; Nun Bellies- Barrigas de Freira; Small Tongue - Linguiça; Double Touch - Bitoque; Women Shoemaker- Sapateira; Nap - Choco; King Size Bed - Camarões; Colour Acts - Couratos; Cry That - Chouriço; Shake it - Mexilhão.