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A mostrar mensagens de setembro, 2011

É necessário ver quem faz não quem diz fazer

O problema da crise portuguesa está directamente relacionado com os critérios definição da competência profissional que, se baseia mais na aparência do que na eficiência.

Um poste é sempre um poste

Saído da fábrica, acabadinho de nascer, estava um poste numa camioneta da autarquia. Ia ser colocado numa das ruas mais movimentadas da cidade. -Já sabes para onde vais? – Perguntava um banco de jardim. -Sim, ouvi uma conversa dos homens a comentarem que, me iam colocar na Avenida da Liberdade e pintar de cor-de-rosa. -Que giro! Eu também vou para lá! Também vou ser cor-de-rosa mas com um círculo branco. Será que vamos ser vizinhos? Chegados à Avenida, sofreram os solavancos da camioneta, a tentar subir o passeio. Primeiro tiveram que esperar que um reboque tirasse um dos carros que estava a tapar as obras. Depois, a subida e por fim a travagem em cima da calçada portuguesa. -Ai, ai, estou todo dorido! -E a mim, doem-me os pés. Bati contra uma das paredes da camioneta na subida. Pensemos positivos! Vamos viver o resto da vida sossegadamente. Ser apreciados por turistas. O que pode correr mal? Foi um dia bem comprido. A grua, para colocar o poste, demorou a chegar por causa do trânsito

Ci - u- meus

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imagem: net Os ciúmes traduzem-se pelo desejo de ser único a possuir alguém, quando ninguém é sequer posse única de si próprio.

Não quero saber e dai?

A ignorância nunca me chocou e respeito todas as pessoas independentemente do seu saber. Nem toda a gente teve na vida a mesma sorte e as mesmas possibilidades para aprender e ter qualificações. Por vezes, as circunstâncias da vida levam-nos a pensar em sobreviver ao invés de saber o porquê das coisas. Irrita-me, contudo, a ignorância por comodismo. É como ter todos os ingredientes em cima de uma mesa para fazer um bolo e ir a pastelaria comprar um só para não ter o trabalho em fazer.

Diálogo vazio?

Diz o vazio para o nada: -Tens ai alguma coisa? -Tenho nada! -Nada com ausência ou com saudade? -Tenho as duas. Queres só a ausência, só a saudade ou ambas? -Quero saudade da ausência do nada ou ausência da saudade do tudo.

Sono

Neurónio A para Neurónio B: -Estás a trabalhar? -Não, estou a dormir! -Preciso da tua ajuda! Acorda! -O que queres? -Arranja qualquer coisa para eu fazer! -Dorme como eu! -Não posso! Tenho que manter o corpo desperto! É de dia! -Então, se, já tens tanto trabalho porque queres mais? -Gosto de fazer coisas novas! -Humm…já sei! -O quê? -Cria um piloto automático como nos aviões. -Como assim? -Cria um botão para o corpo fingir-se desperto e deixar-nos dormir. -Isso é um desafio! -Ainda bem que concordas! Quando estiver criado, acorda-me para testar! :)

Terra fresca

Deitada ao vento, Imagino o teu perfume. Aguardo o relento. As sombras tremem, Observo o luar recortado pela noite. Ouço os grilos cantar, Chamam-te pelo meu silêncio. Toco a terra fresca, Pelos veios de erva. Por vezes, fecho os olhos, Tento, te ver, Sonho, te ouvir, Deliro, te ter. Vem, leva-me com a brisa, Faz-me voar nos teus ramos, Arrepiar nas tuas folhas, Embebedar no teu cheiro. Quero ser, qual cogumelo na tua raiz, Agarrado ao teu tronco, Alimentando-me da tua seiva, Partilhando contigo as estações da vida.

Uma agulha no meu palheiro

O que sinto? Onde está a voz? As palavras que o descrevem, Os sinónimos que alguém batizou. Onde está o alguém? Se nome deu, o viveu e sentiu. Não vem? Não sabem? Se calhar não existiu, Ou milhões houve, Com vários sentires. Dar nome a algo, Fácil não é, mas possível. Descrever algo dentro de um turbilhão, Sinónimos podem existir, força não há para os identificar. O que faço, se não sei o que sinto? Nada. Isso mesmo, nada! Sentir, esperar que o tempo mostre, Apague ou deixe fugir. Se a razão não sabe o que é, Vive-se, sente-se e aguarda-se.

Atrás do Sorriso

Passeando pelos jardins, com o neto de mão dada e sorriso no rosto, António ia respondendo às centenas de perguntas que o pequeno lhe ia fazendo: -Avô, Avô, o que é a guerra? -Onde ouviste essa palavra? -Ontem na TV. -A guerra acontece quando as pessoas não se entendem. -Hum! Então, quando no infantário discuto com o Miguel porque ele me roubou os brinquedos, é guerra? -Mais ou menos isso! -Sabes avô! Ele é o meu melhor amigo! Discuto com ele mas depois vamos brincar. Os adultos quando estão em guerra também brincam depois? -Brincar, brincar, não, mas depois de algum tempo acabam por fazer as pazes. -Não falemos mais nisso agora, João! Vamos andar de escorrega. Estamos a chegar! -Vamos! Após a primeira escorregadela, João parou muito pensativo, sentado: -Que foi? Magoaste-te? – Questionou logo o avô. -Não! Fiquei a pensar na guerra! -João, esquece isso! -Tu já estiveste na guerra? O idoso, tentando manter a boa disposição característica. -Sim, já! À sua memória, vieram as recordações d

Acordo com Indesejados

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imagem: net -Pst! Porque é que vocês apareceram na minha cabeça? – Pergunto eu a estes fios de cabelo branco que começam a germinar no meu couro cabeludo capilar. -Ouviram? Não me respondem? Vieram sem ser convidados e ainda por cima não falam! É assim que tratam a vossa anfitriã? -O quê? Trazem mais amigos convosco? É um abuso! Há regras de educação básicas a serem respeitadas em sociedade. Avisar antes de vir, perguntar se podem trazer alguém, o tempo que pensam em ficar e se podem. -Ei! Digam alguma coisa! Então, desculpem! Não são desejados nesta cabeça e saiam já! Não saem a bem, saem a mal! Autch! -Ok! Não saem? Então fazemos um acordo! Eu não vos pinto se vocês, sempre que aparecer alguém, se esconderem debaixo dos outros cabelos castanhos! Combinado?