Era uma vez uma avestruz chamada Lena que vivia no Jardim Zoológico de Lisboa com outros animais. Era diferente das outras. Vivia afastada porque não se sentia bem com as suas companheiras. Lena tinha um sonho: queria aprender a voar como o seu amigo pardal, o Tito. Adorava poder voar pelas nuvens e sentir o sabor do vento. Todos os dias tentava levantar voo, subindo a um dos comedouros e atirando-se lá de cima. Contudo, sempre que tentava, chorava e esperneava. As suas asas ficavam tensas e não conseguia fazer mais nada durante algum tempo. O seu amigo Tito tentava animá-la, mas ela nem o ouvia. A raiva de não conseguir voar era mais forte do que ela. — Não percebo, Tito! — gritava. — Tenho asas com penas, porque não voo? Tito, com muita paciência, respondia: — Lena, as avestruzes são grandes e pesadas. É difícil voar! — Não digas isso! Eu sou uma ave como tu! Eu quero voar! — insistia ela. Passados alguns minutos, Lena acalmava-se e voltava às suas rotinas diárias. — Sa...
Era uma vez um livro. Um livro largado numa estante. Um daqueles livros com capa vermelha, rija e sem desenhos. Era um livro tão sem graça que ali estava a acumular pó. Já não se lembrava da última vez que o tinham aberto para ler. Aliás, tinha sido há tanto tempo que até ele próprio já nem se recordava do que tinha escrito nas suas páginas. A sua dona tinha falecido e o livro ficou para a filha, a Leonor, que o guardava numa prateleira como recordação da sua mãe. Essa sim o abria todos os dias, quando Leonor era pequena, para lhe contar uma das histórias do livro. Ela, contudo, nunca teve tempo para o ler à sua filha, Maria, e as memórias das histórias desapareceram com o tempo da sua memória. Certo dia, a professora da Maria pediu que ela levasse um livro com histórias diferentes e ela pediu à mãe: – Oh, querida! Leva um bonito, com belas imagens! – Mas mãe, todos os meus amigos têm um livro desses e as histórias são todas iguais. – Então não sei! Agora a mãe não pode! A...