Os delírios do Negro

imagem: net
-Esta era mesmo gorda e deliciosa! Olha aquela bem vermelhinha! – Comentava consigo mesmo, Negro, o melro, enquanto comia cerejas.
Nesta altura do ano não havia falta de comida. Tinham amadurecido as cerejas, já se apanhava ali e acolá uns figos e os alperces estavam também a surgir. Adicionalmente, havia muitas lagartas gorduchas, nalgumas peças de fruta.
Negro andava bem barrigudo e todos os dias era um festim.
-Já começo a enjoar-me de cerejas! Sabes o que me apetecia? – Desabafou com um amigo, o Pardas, o pardal.
-O quê?
-Umas uvas bem maduras!
-Uii, isso não há agora! Há tanta fruta nesta altura!
-Sim, mas era o que me apetecia! Vou esperar que venham!
-Estás a brincar, certo?
-Não, já estou farto desta fruta! Vou deixar de comer até virem as uvas!
Negro, deixou de comer. Andou assim dois dias seguidos. Ao terceiro dia, a fome apertava.
-Olá Negro! Já viste os damascos?
-Já te disse que não como até virem as uvas!
No final do quarto dia, Negro começou a delirar e ao olhar para umas cerejas viu uvas bem apetitosas.
-Negro, não dizias que estavas farto de cerejas?
-Cerejas, quais cerejas isto são as uvas mais suculentas que já comi.

Em altura de crise é importante, orientar o orçamento familiar para a fruta da época. Escrevi esta história para ajudar a convencer as nossas crianças quando elas dizem: “Não” e fazem birras.

Comentários

Unknown disse…
Sem dúvida, em momentos de aperto há que ter imaginação. Adorei, Parabésn mais uma vez ;)

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