Segurança versátil

No meio da cozinha, junto a uma mesa redonda, com tampo de mármore preto, estava um conjunto formado por banco e uma cadeira.
-Queria ser alto e seguro como tu? – Questionava o banco.
-A sério? Porquê? Achas que sou segura?
-Claro! És alta, tens uma base larga, confortável e costas de apoio. Quem me dera!
-Sabes, eu sempre te admirei e gostava de ser um banco.
-Não tenho nada de estável para oferecer! Estás doida!
Certo dia, um humano brincava com a cadeira, fazendo-a de baloiço. Desequilibrou-se e caiu. As costas da cadeira partiram-se.
-Bolas! Já viste, Maria, agora esta cadeira não serve de nada! Vamos passar, este fim-de-semana, pela loja de mobiliário e comprar um banco igual a esse. São mais versáteis! Temos falta de espaço na cozinha. O banco fica sempre arrumado debaixo da mesa e mal se nota.
Nessa noite, a cadeira, chorava:
-Vou ser deitada fora!
O banco, muito perplexo encontrava-se dividido entre vários sentimentos: a tristeza pela amiga, o alívio e o orgulho por ter escapado. A partir desse dia, ficou a saber que a segurança nem sempre é o mais importante e por vezes a versatilidade é uma grande mais-valia.


P.S: Em situações de crise...se calhar seria positivo sermos bancos ou cadeiras consoante for necessário...

Comentários

Anónimo disse…
Gostei do conto aparentemente simples, parabéns.

Ser versátil é seguramente uma arte, mas também pode ser uma conveniência, e nos dias que correm, são mais os "bancos" que se arrumam para agarrar os "tachos"...

Bom fim de semana
Beijinho
Ana Sofia
Sofá Amarelo disse…
Eu ainda iria mais pelo meio termo...

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