Um dia foi...

-Agora, para prestar homenagem a este homem, bom pai de família, bom amigo e de um excelente coração vamos fazer um momento de silêncio.
Dos filhos apenas estava um. O mais velho já não visitava a família há muito tempo. Na terra, diziam que tinha causado um grande desgosto a seus pais. Ninguém sabia ao certo, mas o amor pelas bonecas, as cores garridas na roupa e seu jeito afeminado poderiam ser a causa.
O mais novo, filho preferido, esse sim. Agora com todos os bens, sempre teve a vida facilitada com um emprego na empresa de construção do pai.
Por detrás das pessoas, alguém se lembrava das brincadeiras de infância, das saídas para os bailes e da troca de raparigas para namoriscar. Um velho amigo que, por esses velhos tempos resolveu prestar uma última homenagem. Nunca mais se tinham falado desde que o defunto t chegou à administração da empresa que haviam criado, através de uma acusação de furto ao seu sócio.
À frente de todos os presentes estavam os seus amigos mais recentes. Os idosos do lar com quem ele havia passado os últimos anos. Nunca tinha estado doente e ajudava todos os outros a movimentar-se e a fazer os seus afazeres. Era muito querido por todos.
O silêncio terminou e os últimos grãos de terra foram atirados para cima da sua última casa. Naquele momento não houve raivas, rancores nem invejas. O homem, que foi algures anjo, por vezes diabo e nem sempre amigo era agora apenas a sombra das coisas boas que deixara.




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