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O ratinho de sabão


O ratinho Tutsy andava a procura de comida na despensa. Encontrou um pacote de bolachas de água e sal e encheu a barriga. Após o manjar, ficou com sede e decidiu procurar água para beber.
Num canto da despensa estava um balde com água. A dona Ermelinda esqueceu-se de o despejar. O que era raro porque não gostava de armazenar águas paradas.
O ratinho subiu para uma prateleira e saltou para cima do suporte da esfregona. Olhou lá para dentro e viu o seu reflexo. Cheirava bem. Pensou:
-Água! Estou cheio de sede!
Olhou em redor, pensando como poderia descer e principalmente como voltaria a subir. Decidiu agarrar-se a um fio da esfregona, pendurar-se de cabeça para baixo e beber.
Assim o fez. A água tinha um sabor estranho mas como estava com tanta sede não desistiu.
Após encher a barriga, voltou a subir. No entanto, começou a sentir-se um bocado indisposto.
-Vou voltar para toca para dormitar um pouco.
Ao saltar para a prateleira, soluçou e ao fazê-lo saiu da sua boca uma bola de sabão. Ficou assustado. Via-se no reflexo da bola que crescia, crescia ficando maior que ele. Sentia medo e tentou abanar a cabeça para que aquilo desaparecesse. No entanto, a bola absorveu-o e Tutsy ficou dentro dela.
Sem saber o que fazer, ficou estático de medo. A bola levantou voo.
O ratinho via o chão cada vez mais longe. Quanto mais alto, mais aterrorizado ficava e não se mexia.
A bola de sabão, empurrada por uma corrente de ar, dirigiu-se à janela e Tutsy saiu para a rua.
Viu as árvores, as casas e as flores. Estava Sol.
Aos poucos o medo foi substituído pela felicidade de voar.
-Yuppie! Sou um pássaro! – Pensou.
O vento empurrava a bola. O pequeno ratinho estava radiante. Nunca tinha visto o mundo daquele ponto de vista apenas concedido às aves.
De repente, viu lá em baixo um bolo caído no chão. Mexeu-se para olhar para baixo. Um dos seus bigodes tocou na bola e rebentou-a.
Tutsy, começou a cair do ar, em pânico. Temeu o pior.
Viu as casas a aproximarem-se, os telhados, as pedras do passeio cada vez mais perto. Resolveu fechar os olhos. Sentia o fim a aproximar-se.
De repente, ouviu um grito:
-Socorro, um rato!
Era a dona Ermelinda que entrava na despensa e via Tutsy, deitado junto ao balde, adormecido com o sabão da água que tinha bebido.
Correu e jurou jamais beber água que cheirasse bem e com sabor estranho.

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